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24/03/2025 18:00:00

O que são armas sônicas, supostamente utilizadas contra manifestantes na Sérvia

O que são armas sônicas, supostamente utilizadas contra manifestantes na Sérvia

Durante os protestos contra a corrupção realizados em Belgrado, capital da Sérvia, manifestantes acusaram as autoridades de usarem armas sônicas para dispersar a multidão. Embora o governo sérvio negue o uso desses dispositivos, vídeos nas redes sociais mostram um som agudo repentino durante o ato, seguido de pânico generalizado entre os presentes.

As chamadas armas sônicas, ou Dispositivos Acústicos de Longo Alcance (LRAD), são consideradas armamentos não letais que utilizam ondas sonoras de altíssima intensidade para causar incômodo, desorientação ou até incapacitação. Elas podem atingir volumes entre 150 e 160 decibéis, superando o barulho de um caça decolando, que gira em torno de 130 decibéis. Esses equipamentos são projetados para manter a potência do som mesmo a grandes distâncias, podendo ser ouvidos com força a até um quilômetro de distância, por conta da pressão sonora com que as ondas são emitidas.

Impactos físicos e psicológicos em quem é exposto ao som extremo

A exposição direta ao som gerado por um LRAD pode causar dor intensa, danos auditivos permanentes, zumbido, vertigem e outros efeitos físicos. Como o som atinge o ouvido com muita força, a reação imediata das pessoas é proteger os ouvidos, o que impede o uso das mãos para outras ações — daí o apelido de "algemas acústicas".

Além das consequências físicas, o impacto psicológico também é significativo. Pessoas expostas relatam sensação de desamparo diante de um "ataque invisível", o que pode gerar traumas. Em casos extremos, a força das ondas sonoras pode até causar rompimento de órgãos internos, como os pulmões, especialmente em explosões sonoras de alta intensidade.

Uso histórico e moderno das armas sônicas

A utilização de sons altos como arma tem raízes antigas. Povos indígenas norte-americanos usavam tambores em guerras para se comunicar e confundir o inimigo. Na Segunda Guerra Mundial, aviões alemães de mergulho tinham sirenes que provocavam pânico ao atacar alvos no solo.

Nos tempos recentes, as LRAD foram empregadas em diferentes contextos. Cargueiros na costa da Somália usaram esses dispositivos contra ataques de piratas. A polícia grega, em 2021, utilizou canhões sonoros para impedir a entrada de migrantes vindos da Turquia. Já nos Estados Unidos, durante os protestos do G20 em Pittsburgh, em 2009, esses equipamentos também foram acionados para dispersar manifestações.

Casos como a Síndrome de Havana alimentam controvérsias

Além dos dispositivos estridentes, há suspeitas sobre armas sônicas que operam de forma mais sutil, com sons em frequências inaudíveis. Um exemplo é o caso da chamada "Síndrome de Havana", em que diplomatas americanos em Cuba, entre 2016 e 2017, relataram sintomas como tontura, insônia e perda auditiva sem uma causa clara. Embora uma arma sônica tenha sido considerada entre as possíveis explicações, até hoje não houve confirmação de que esse tipo de tecnologia tenha sido realmente usada.

Na Sérvia, a ausência de provas conclusivas sobre o uso de canhões de som dificulta a responsabilização das autoridades. No entanto, a denúncia acende o alerta para os efeitos e riscos das armas sônicas, especialmente em contextos de repressão a protestos populares.



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