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Após uma queda nos anos da pandemia, 2024 apresentou novo aumento nos casos. Para o promotor de Justiça André Lobo, do Ministério Público de Goiás, o desaparecimento ainda é um fenômeno que carece de maior atenção, sendo mais lembrado apenas quando envolve casos de grande repercussão. Ele destaca que nem todos os desaparecimentos estão relacionados a crimes — muitos envolvem dependência química, transtornos mentais, conflitos familiares ou até o afastamento voluntário.
Prevenção e tecnologia são apontados como caminhos para reduzir casos
Lobo defende que medidas efetivas para enfrentar o problema devem incluir a criação de políticas públicas preventivas, melhor articulação entre órgãos de segurança, comunicação eficiente com unidades de saúde e entidades de acolhimento, além do uso de tecnologias como câmeras com reconhecimento facial e bancos de dados interligados em todo o país. A ampliação de campanhas de conscientização também é considerada essencial.
Goiás tem programa de referência na identificação de desaparecidos
O estado de Goiás é destaque na implementação do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), vinculado ao Ministério Público. O programa sistematiza informações sobre pessoas desaparecidas e insere os dados no Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid). Por meio dele, o MP acompanha os casos, fiscaliza a atuação policial e colabora com diligências como contato com familiares e encaminhamentos às instituições competentes.
O diferencial do Sinalid é seu caráter nacional, que permite a identificação de uma pessoa desaparecida em outro estado, facilitando a comunicação com familiares e agilizando a resolução dos casos.
Perfis predominantes ajudam a traçar estratégias
Segundo o Ministério Público de Goiás, os dados obtidos por meio do Plid têm revelado perfis recorrentes entre os desaparecidos. Em 2023, foram finalizados 1.927 casos no estado e, em 2024, esse número chegou a 1.965. A maioria dos desaparecimentos entre adolescentes de 12 a 17 anos está ligada a conflitos familiares e afastamento voluntário. Já entre adultos de 31 a 40 anos, fatores como mudanças abruptas de rotina, dificuldades de contato e dependência química são as principais causas.
Para o promotor André Lobo, compreender os motivos e perfis associados ao desaparecimento é fundamental para a formulação de políticas públicas mais eficazes e para aprimorar as ações de prevenção e localização em todo o país.