No Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou dados preocupantes sobre a realidade de milhões de crianças brasileiras. De acordo com o relatório “Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil”, 2,8 milhões de crianças no país ainda vivem sem acesso adequado à água. Apesar de representar uma redução de 31,5% em relação aos anos anteriores, o número continua alarmante, com cerca de 1,5 milhão de crianças morando em casas sem água canalizada.
A situação é ainda mais crítica em áreas rurais, onde 21,2% das crianças e adolescentes enfrentam a falta de acesso à água, enquanto nas zonas urbanas esse índice é de 2,4%. O estado do Acre lidera negativamente o ranking nacional, com 12,7% das crianças sem água encanada em casa. Na sequência aparecem Paraíba, com 12,2%, e Amazonas, com 11,3%.
Além da carência de água, o Unicef também chama atenção para a precariedade do saneamento básico. Segundo o levantamento, 19,6 milhões de crianças e adolescentes vivem em residências sem acesso adequado a saneamento, o que equivale a 38% dessa população. Nas cidades, 28% das crianças estão sem saneamento, enquanto nas áreas rurais o problema atinge 92%. Mais uma vez, o Acre apresenta dados alarmantes, com 31,5% das crianças sem acesso ao serviço.
O relatório ressalta as desigualdades regionais, com maior concentração de privações nas regiões Norte e Nordeste. Em 2024, o Unicef conseguiu beneficiar mais de 250 mil pessoas em oito estados brasileiros, sendo 75 mil delas crianças e adolescentes, por meio de ações voltadas para escolas e comunidades em situação de vulnerabilidade.