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Acidente
22/03/2025 00:00:00

Alemanha investe pesado em defesa para reduzir dependência dos EUA e conter ameaça russa na Europa

Alemanha investe pesado em defesa para reduzir dependência dos EUA e conter ameaça russa na Europa

A Alemanha adota uma postura militar cada vez mais assertiva diante da instabilidade geopolítica. Com os Estados Unidos, sob o comando de Donald Trump, se distanciando dos aliados e pressionando a Ucrânia a aceitar concessões na guerra contra a Rússia, Berlim considera essencial reforçar suas capacidades de defesa. O futuro governo alemão, que deve ter Friedrich Merz como chanceler, aposta em um robusto plano de rearmamento, com o objetivo de diminuir a dependência de Washington e fortalecer a segurança europeia.

O plano mais recente da Bundeswehr, as Forças Armadas da Alemanha, prevê um investimento de 500 bilhões de euros em equipamentos militares. Esse montante contempla a aquisição de veículos blindados, sistemas de defesa aérea, navios de guerra, drones e tecnologia de inteligência artificial, conforme divulgado pela revista Forbes.

A proposta foi aprovada pelo parlamento nesta semana e complementa um fundo já criado pelo governo anterior. Trata-se de uma estratégia que visa ampliar a presença militar alemã no leste da Europa, sobretudo em países como a Lituânia, que fazem fronteira direta com a Rússia.

Mudança na postura frente à Otan marca novo momento europeu

Essa decisão marca uma transformação na relação com a Otan. Por décadas, a segurança europeia esteve amparada no compromisso dos Estados Unidos. No entanto, a aproximação de Trump com o governo russo e as dúvidas sobre a continuidade da aliança levaram os líderes do continente a repensar sua estratégia de defesa.

Friedrich Merz defende a chamada “independência estratégica” como base da nova política militar alemã. “A Europa não pode mais confiar exclusivamente nos Estados Unidos para sua proteção”, afirmou o provável novo chanceler, que ainda trabalha para consolidar uma coalizão no governo federal.

O orçamento militar atualizado inclui prioridades como tecnologias avançadas de comunicação, guerra eletrônica, vigilância por satélite e reforço de tropas. O objetivo é aumentar em pelo menos 20 mil soldados o efetivo da Bundeswehr e estabelecer um contingente permanente na Lituânia, onde cresce o temor de um possível ataque russo. Caso a Ucrânia não consiga conter a invasão, Alemanha e seus parceiros podem se tornar o último bastião de resistência frente a Moscou.

Fragilidade da Bundeswehr expõe necessidade de transformação

Em fevereiro, a emissora Deutsche Welle destacou análises que apontam que as forças armadas alemãs teriam capacidade de resistência limitada, de apenas alguns dias, diante de um ataque. O cenário é consequência de anos de cortes no orçamento e austeridade fiscal que enfraqueceram a Bundeswehr.

Na tentativa de reverter essa situação, o então chanceler Olaf Scholz anunciou, em 2022, a criação de um fundo especial de 100 bilhões de euros após o início da guerra na Ucrânia. O valor, no entanto, revelou-se insuficiente para uma transformação real. Por isso, o novo governo de Merz decidiu aprovar o novo pacote de investimentos nesta semana.

Em 2024, o orçamento de defesa alemão foi de cerca de 52 bilhões de euros, somados a 20 bilhões do fundo especial. Com os gastos adicionais para apoiar a Ucrânia, o total chegou a 90,6 bilhões de euros, atingindo a meta da Otan de 2% do PIB — algo inédito nos últimos anos. Mesmo assim, o valor ainda é considerado modesto diante da atual conjuntura e da comparação com décadas passadas, quando, durante a Guerra Fria, a Alemanha chegou a investir quase 5% do PIB em defesa.

Alerta máximo em países europeus e resposta ao avanço russo

O movimento de rearmamento não é exclusivo da Alemanha. A Estônia, por exemplo, anunciou a elevação de seu orçamento militar para 5% do PIB, enquanto o Reino Unido e a França discutem a criação de uma força especial para garantir a segurança da Ucrânia em um eventual cessar-fogo.

Nesta mesma semana, a Polônia e os países bálticos — Letônia, Lituânia e Estônia — informaram a saída do Tratado de Ottawa, que proíbe o uso de minas terrestres. A justificativa apresentada foi o agravamento da segurança regional desde a adesão ao acordo, o que exige maior flexibilidade tática e liberdade de ação para suas tropas na defesa da fronteira oriental da Otan.

Os ministros da Defesa desses quatro países emitiram um comunicado conjunto afirmando que a decisão envia uma mensagem política direta ao Kremlin: “Estamos preparados e dispostos a usar todos os meios necessários para proteger nosso território e nossa liberdade”.

Enquanto isso, o presidente francês Emmanuel Macron tem intensificado as discussões com outros líderes sobre a necessidade de reforçar a defesa da Europa. A proposta, contudo, tem sido considerada tímida por algumas nações. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, chegou a declarar que a Polônia estuda até a possibilidade de adquirir armamento nuclear próprio, diante do agravamento do cenário regional.



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