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Economia
21/03/2025 09:00:00

Preço do café dispara com impacto do clima adverso no Brasil e no Vietnã, aponta FAO

Preço do café dispara com impacto do clima adverso no Brasil e no Vietnã, aponta FAO

Os preços do café continuam subindo em 2025, impulsionados por condições climáticas desfavoráveis que afetam a produção dos dois maiores exportadores globais, Brasil e Vietnã. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), as interrupções na oferta geradas pela seca e pelo calor excessivo têm pressionado as cotações da commodity, que já acumulam alta superior a 20% no ano e mais do que dobraram em relação a 2024, atingindo um recorde de 438 cents de dólar por libra-peso em fevereiro.

Impacto da seca e revisão nas estimativas de produção

O economista sênior da FAO, El Mamoun Amrouk, classificou o cenário como uma “tempestade perfeita” para a escalada dos preços. No Vietnã, a seca prolongada provocou uma redução de 20% na colheita de café na safra encerrada em setembro de 2024. Além disso, os agricultores do país vêm segurando a produção, esperando preços mais altos no mercado interno.

No Brasil, o calor e a falta de chuvas levaram a repetidas revisões para baixo na produção. Enquanto a estimativa inicial para a safra indicava um crescimento anual de 5,5%, as projeções mais recentes apontam para uma queda de 1,6%. Para a próxima safra, os impactos da seca de 2024 ainda preocupam, com previsões oficiais sinalizando uma retração de 4,4% na produção nacional.

Oferta limitada mantém preços em alta

A escassez de café no mercado tem levado a aumentos expressivos nos preços desde novembro de 2024, tendência que pode se intensificar caso as perdas na produção se mantenham. O Vietnã espera uma recuperação parcial da colheita em sua nova safra, mas no Brasil, mesmo com algumas condições climáticas mais favoráveis recentemente, as lavouras seguem afetadas pelo estresse hídrico prolongado.

Além dos problemas na oferta, a alta demanda global também tem pressionado os preços. Com a recuperação da economia mundial após a pandemia, o consumo de café manteve-se elevado, especialmente em mercados emergentes, enquanto nos países desenvolvidos a demanda permaneceu estável, independentemente das oscilações do mercado.

Outro fator que contribuiu para a valorização da commodity foi o aumento dos custos de transporte no primeiro semestre de 2024, impactando diretamente os preços finais para os consumidores. Nos Estados Unidos e na União Europeia, os valores do café subiram 6,6% e 3,8%, respectivamente, em dezembro do ano passado, em comparação com o mesmo período de 2023.

Repasse aos consumidores deve se prolongar

Embora as cotações internacionais do café possam sofrer oscilações no curto prazo, os aumentos já repassados ao consumidor tendem a se manter por mais tempo. Segundo Amrouk, os preços das commodities podem cair, mas as elevações aplicadas ao consumidor final costumam persistir, impactando o mercado por um período prolongado.

Com os futuros do café arábica em Nova York acumulando alta expressiva em 2025 e atingindo recordes históricos, o setor segue atento à evolução do clima nas principais regiões produtoras, fator decisivo para a estabilização ou continuidade da tendência de alta nos preços.



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