Copom eleva Selic para 14,25% e sinaliza novas altas nos juros

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (19), aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 1,0 ponto percentual, elevando-a para 14,25% ao ano, o maior patamar desde outubro de 2016. A decisão foi unânime entre os nove membros do colegiado, incluindo o presidente do BC, Gabriel Galípolo.

Em comunicado divulgado após a reunião, o Copom destacou que o ambiente externo continua desafiador, principalmente devido à política econômica dos Estados Unidos e às incertezas sobre o comércio global. Apesar disso, o texto amenizou os alertas sobre o quadro fiscal interno e indicou que o ciclo de alta dos juros ainda não terminou, prevendo um novo aumento de menor magnitude na próxima reunião, em maio.

Inflação e expectativas futuras

O BC mantém projeções de inflação acima do teto da meta de 4,50% para este ano, embora tenha revisado ligeiramente a estimativa de 5,2% para 5,1%. Para o terceiro trimestre de 2026, a projeção do IPCA caiu de 4,0% para 3,9%, abaixo do teto, mas ainda acima do centro da meta de 3%.

Especialistas do mercado financeiro estimam que pelo menos mais um aumento nos juros ocorrerá até junho, com a Selic podendo atingir entre 15% e 15,5% ao ano antes de se estabilizar. Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV, prevê duas elevações adicionais – uma de 0,50 ponto percentual em maio e outra de 0,25 em junho – levando a taxa a 15%, patamar que deve ser mantido até dezembro.

Impacto e cenário global

Apesar do novo aumento, o Brasil caiu da segunda para a quarta posição no ranking global de juros reais (descontada a inflação), ficando atrás de Turquia, Argentina e Rússia, segundo levantamento da MoneYou e da Lev Intelligence. O cenário global indica um arrefecimento do movimento de aperto monetário, enquanto o Banco Central brasileiro mantém uma postura vigilante diante da persistência da inflação e da resiliência da atividade econômica.

A decisão do Copom reforça a estratégia de conter a inflação, mas também levanta preocupações sobre os impactos da alta dos juros no crescimento econômico.