Uma operação conjunta entre os Estados Unidos e o Iraque resultou na morte de Abdallah Makki Muslih al-Rifai, conhecido como Abu Khadija, apontado como um dos principais líderes do Estado Islâmico (EI). Responsável pela logística e finanças do grupo terrorista, ele foi eliminado em um ataque aéreo de precisão na província de Al Anbar, no oeste do Iraque, conforme informou o Comando Central (Centcom) das Forças Armadas dos EUA.
De acordo com o Centcom, Abu Khadija ocupava um cargo de liderança dentro da organização e desempenhava um papel fundamental no planejamento e execução das operações do grupo. “Como emir do órgão decisório mais importante do EI, ele gerenciava a logística e direcionava parte significativa dos recursos financeiros da organização global”, informou o comunicado.
O ataque também resultou na morte de outro integrante do EI. O primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, afirmou que Abu Khadija era considerado “um dos terroristas mais perigosos do Iraque e do mundo” e celebrou a ação como uma importante vitória na luta contra o terrorismo.
O general Michael Kurilla, comandante do Centcom, reforçou a importância da eliminação do líder extremista. Nas redes sociais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, destacou o esforço conjunto entre as forças americanas, iraquianas e curdas, afirmando que o terrorista foi “caçado incansavelmente” pelas tropas envolvidas na operação.
A importância da operação
O Estado Islâmico sofreu uma série de derrotas desde que perdeu o controle dos territórios que dominava no Iraque e na Síria. Em 2019, as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, anunciaram o fim do chamado “califado” do grupo extremista. Desde então, diversas operações eliminaram líderes importantes da facção, incluindo Abu al-Hussein al-Husseini al-Qurashi, morto em abril de 2023.
Entretanto, os EUA alertam para um ressurgimento do EI na Síria, onde o grupo tem treinado novos combatentes. Em resposta, as ações militares contra as células terroristas foram intensificadas, especialmente no Iraque.
Fora do Oriente Médio, a organização mantém forte presença na África, onde grupos afiliados como o Estado Islâmico no Grande Saara (EIGS) ampliaram sua atuação em países como Mali, Burkina Faso e Níger. Além disso, há tentativas de expansão na Nigéria, com possível colaboração do Estado Islâmico da África Ocidental (ISWAP).
Um relatório da ONU de 2023 destacou que, apesar das perdas de líderes e fontes de financiamento, a ameaça do EI e de suas afiliadas regionais continua significativa em várias partes do mundo.
Terrorismo e a ameaça ao Brasil
O Brasil tem sido apontado como um local de interesse para organizações extremistas, tanto como possível base de operações quanto como alvo potencial de ataques. Em 2013, um levantamento identificou a presença de pelo menos sete grupos terroristas no país, incluindo Al-Qaeda, Hezbollah e Hamas.
Dois anos depois, em 2016, a Polícia Federal desmantelou um grupo jihadista que planejava atentados semelhantes aos ocorridos nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972. Dez suspeitos foram presos, e outros dois conseguiram fugir.
Em 2021, três estrangeiros que viviam no Brasil foram sancionados pelo Tesouro dos EUA por financiar a Al-Qaeda. Em outubro de 2023, mais três indivíduos foram detidos por suposta ligação com o Hezbollah e por planejarem ataques contra alvos judaicos.
O tenente-coronel André Soares, ex-agente da Abin, alerta que tais ocorrências evidenciam a presença do Brasil no radar de grupos terroristas. Segundo ele, “a possibilidade de atentados em solo brasileiro, seja por grupos islâmicos extremistas ou por outras facções terroristas internacionais, é real”.
A gestora de políticas públicas Barbara Krysttal reforça essa preocupação. Segundo ela, nos últimos anos, o Brasil tem sido alvo de recrutamento por parte de grupos terroristas. “O país se tornou um polo de interesse, tanto para a cooptação de jovens quanto como possível alvo de ações terroristas”, afirmou.