Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Walter e Eliza Hall, na Austrália, identificaram um novo caminho para o tratamento do Parkinson, explorando o papel da proteína PINK1 no funcionamento celular. A descoberta pode permitir o desenvolvimento de medicamentos capazes de ativar essa proteína, retardando ou até interrompendo a progressão da doença.
O estudo, publicado na revista Cell Reports, revelou que o PINK1 é essencial para o processo de mitofagia, responsável por remover mitocôndrias danificadas das células. Quando esse mecanismo falha, como ocorre em pessoas com mutações no gene PINK1, as mitocôndrias defeituosas acumulam toxinas, levando à morte das células cerebrais. Esse processo é um dos principais responsáveis pelos sintomas do Parkinson, que afeta cerca de 2% dos adultos acima de 65 anos.
A pesquisadora sênior Sylvie Callegari, que liderou o estudo, explicou que a ativação do PINK1 pode ser um divisor de águas para os pacientes: “Nosso estudo revela várias formas de modificar essa proteína, essencialmente ativando-a, o que pode transformar a vida das pessoas com Parkinson.”
O Parkinson é caracterizado pela degeneração progressiva das células cerebrais, que não se regeneram naturalmente. Como essas células exigem alta demanda energética, qualquer falha nas mitocôndrias pode levar à morte celular acelerada. Segundo especialistas, a regulação do PINK1 pode restaurar o processo de mitofagia, ajudando a manter as células saudáveis por mais tempo.
Outro estudo recente destacou a relação entre o gene ITSN1 e o Parkinson. Essa variante genética influencia a transmissão dos sinais entre os neurônios, impactando sintomas como tremores, rigidez e dificuldade de locomoção. A descoberta reforça a importância da genética na origem da doença e pode contribuir para tratamentos mais específicos no futuro.
Os tratamentos atuais para o Parkinson frequentemente causam efeitos colaterais, pois atuam em diversas áreas do cérebro. De acordo com a geriatra Priscilla Mussi, um medicamento direcionado ao PINK1 teria a vantagem de agir de forma mais precisa, reduzindo impactos indesejados. Além disso, se os pesquisadores conseguirem desenvolver uma terapia que atue diretamente nas mutações desse gene, será possível prevenir a doença em pessoas geneticamente predispostas.
Embora as pesquisas ainda estejam em andamento, a descoberta oferece uma nova esperança para pacientes e familiares, indicando que um tratamento mais eficaz pode estar mais próximo do que nunca. Com mais avanços, a ativação do PINK1 pode se tornar uma alternativa real para desacelerar a progressão do Parkinson e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.