A ansiedade dos jovens franceses em relação ao fluxo constante de notícias negativas atingiu um nível recorde em 2024, segundo um relatório anual sobre a saúde mental dos adolescentes publicado nesta sexta-feira (14). De acordo com a pesquisa realizada pelo instituto francês Ipsos no final de 2024, 31% dos entrevistados relataram níveis elevados de ansiedade, um aumento de dois pontos em um ano e cinco pontos em relação a 2021.
Esse sentimento fica atrás apenas da sensação de incompreensão sobre a situação mundial, mencionada por 50% dos jovens, mas supera emoções como raiva (26%), medo (25%) e tédio (17%). Os dados foram coletados antes da reviravolta política provocada pela posse de Donald Trump, em janeiro de 2025.
O estudo, conduzido entre 22 de novembro e 6 de dezembro de 2024, ouviu 1.000 jovens de 11 a 15 anos e é realizado anualmente desde 2021 pela associação "Notre avenir à tous" (O futuro de todos nós, em tradução livre).
Entre os temas mais citados como fontes de estresse para essa faixa etária, 44% mencionaram a violência contra crianças (como bullying escolar e exploração infantil), 41% apontaram crises globais (relações entre países, conflitos internacionais e guerras) – um aumento de 11 pontos desde 2021 – e 39% demonstraram preocupação com o estado do planeta, incluindo o aquecimento global, desastres naturais e espécies em extinção.
Outro dado preocupante revelado pelo estudo é que cada vez mais jovens sentem que as informações acessadas pelo celular são mal explicadas, com 41% dos entrevistados compartilhando essa percepção, em comparação com 32% em 2022.
A questão da saúde mental, considerada pelo governo Bayrou como uma das grandes causas nacionais para 2025, também se destaca na pesquisa. Mais de dois em cada cinco adolescentes (45%) afirmam ser afetados por transtornos de ansiedade, número próximo aos 49% registrados em 2023.
Apesar do impacto emocional, a maioria dos jovens lida com esses sentimentos sozinha, sem buscar apoio profissional – sete em cada dez não procuram ajuda especializada.
Além das notícias, a pressão escolar é um dos principais gatilhos de ansiedade para os adolescentes. Entre os entrevistados, 62% relataram se sentir ansiosos com a exigência por boas notas.