Pouco mais de três meses após os presidentes Xi Jinping e Luiz Inácio Lula da Silva elevarem o nível das relações diplomáticas entre China e Brasil, os primeiros resultados começam a surgir. Aproximações econômicas e sociais vêm se intensificando, como demonstrado na Conferência de Intercâmbio e Cooperação Econômica e Comercial entre os dois países, realizada em São Paulo nesta segunda-feira (10).
Organizado pelo governo da província chinesa de Shandong, o evento reuniu empresários de diversos setores, além de autoridades como o vice-governador de Shandong, Song Junji, e o ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro. Durante o encontro, Fávaro destacou os acordos firmados por Xi e Lula na cúpula realizada em novembro, ressaltando a importância de avanços concretos nas áreas de alimentos, indústria e mineração.
O vice-governador de Shandong reforçou a necessidade de aprofundar a cooperação econômica, enfatizando que a província desempenha um papel central nessa relação. Shandong, uma das regiões mais desenvolvidas da China, se destaca como potência exportadora e possui forte capacidade industrial e financeira. Em 2024, foi a quarta maior exportadora e a sexta maior importadora do país, além de apresentar um crescimento de 6% em relação ao ano anterior.
Atualmente, o Brasil ocupa a nona posição entre os principais destinos de exportação da província, somando US$ 1,3 bilhão em 2024, enquanto, no sentido inverso, é o quarto maior comprador de produtos de Shandong, com importações que totalizaram US$ 15,7 bilhões no mesmo ano.
A relação comercial entre Brasil e Shandong se insere nos 37 acordos assinados entre Pequim e Brasília em 2024, abrangendo desde abertura de mercados para produtos agrícolas até cooperação tecnológica, investimentos em infraestrutura, energia e mineração, além de intercâmbios culturais e educacionais.
A expectativa chinesa, conforme destacado por Shen Xin, vice-presidente da Associação de Amizade do Povo Chinês com Países Estrangeiros, é expandir essa cooperação para além do comércio, apostando na inovação, no intercâmbio cultural e na colaboração em setores estratégicos como economia verde e comércio digital. O objetivo, segundo ele, é fortalecer a harmonia entre as nações e criar um ambiente vibrante para o desenvolvimento mútuo.