Apesar dos avanços na medicina, mulheres grávidas e recém-mães continuam a morrer em números alarmantes, principalmente em países de baixa renda. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma mulher morre a cada dois minutos devido a complicações relacionadas à gravidez e ao parto, sendo que a maioria dessas mortes poderia ser evitada. Em 2020, foram registradas cerca de 287 mil mortes maternas em todo o mundo, afetando, sobretudo, mulheres da África Subsaariana e do Sul da Ásia.
As principais causas de óbitos maternos incluem hemorragias graves durante ou logo após o parto, pré-eclâmpsia e hipertensão não tratada, que podem resultar em acidentes vasculares cerebrais ou falência de órgãos. Além disso, infecções, doenças crônicas agravadas pela gravidez, sépsis e complicações decorrentes de abortos inseguros também figuram entre os principais fatores de risco.
A análise global, publicada na revista Lancet Global Health, destaca que o suicídio no primeiro ano de maternidade é uma preocupação crescente, embora poucos países tenham dados concretos sobre a saúde mental materna.
Especialistas apontam que as mortes maternas refletem desigualdades sociais, problemas de acesso à saúde e desafios políticos. Joyce Browne, professora de saúde global no Centro Médico Universitário de Utrecht, ressalta que esses óbitos funcionam como um alerta para fragilidades estruturais nos sistemas de saúde. Segundo Jenny Cresswell, cientista da OMS, muitas dessas complicações poderiam ser prevenidas com intervenções simples, como melhor acesso ao pré-natal, atendimento obstétrico adequado e suporte pós-parto.
O estudo reforça a necessidade de investimentos contínuos na saúde materna para reduzir essas mortes evitáveis e garantir melhores condições para gestantes e mães em todo o mundo.