A exposição prolongada ao calor intenso pode trazer impactos significativos à saúde, tanto a curto quanto a longo prazo. A professora Tatiane Cristina Moraes de Sousa, do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), alerta para a necessidade de hidratação constante e proteção contra o calor, principalmente para trabalhadores expostos ao sol.
Nos primeiros meses de 2025, mais de 5 mil pessoas buscaram atendimento médico em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio de Janeiro devido ao calor excessivo, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Os sintomas imediatos vão desde exaustão e desmaios até insolação, que pode comprometer órgãos vitais e, em casos graves, levar à morte. Um exemplo marcante foi a universitária Ana Clara Benevides Machado, que faleceu por exaustão térmica durante um show no Rio de Janeiro em 2023.
A longo prazo, a exposição contínua ao calor obriga o corpo a um esforço maior para regular sua temperatura, sobrecarregando o sistema cardiovascular e renal, o que pode aumentar o risco de doenças crônicas. A pesquisadora enfatiza que o problema não se restringe ao Rio de Janeiro, sendo um desafio global que exige mudanças na gestão pública e na organização do trabalho.
No caso dos trabalhadores informais, como vendedores ambulantes e entregadores, o calor extremo se torna uma preocupação ainda maior. Muitos dependem dos horários de maior movimento para garantir sua renda, o que os impede de evitar a exposição nos períodos mais quentes do dia. Além disso, idosos e pessoas com doenças preexistentes, como hipertensão e diabetes, estão ainda mais vulneráveis.
Diante desse cenário, Sousa recomenda que trabalhadores procurem áreas cobertas e ventiladas, utilizem chapéus e saibam reconhecer os sinais de exaustão térmica para buscar ajuda. Medidas emergenciais, como pontos de hidratação gratuitos instalados pela prefeitura, são essenciais, mas é necessário um planejamento contínuo para garantir assistência e proteção ao longo do ano. O calor intenso não pode ser tratado como um problema sazonal, mas como uma questão permanente que exige ações concretas para reduzir os riscos à saúde.