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Especial
08/03/2025 08:00:00

Dia Internacional das Mulheres: a origem operária do 8 de março

Dia Internacional das Mulheres: a origem operária do 8 de março

Embora muitos vejam o 8 de Março apenas como um dia de homenagens, a data carrega uma história de luta e resistência, bem distante de um simples caráter comemorativo criado pelo comércio. Oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, o Dia Internacional das Mulheres tem suas raízes fincadas nas reivindicações de operárias por melhores condições de trabalho e igualdade de direitos no início do século 20.

A luta das operárias que inspirou a data

Desde seus primeiros registros, o 8 de março esteve vinculado a mobilizações femininas dentro do movimento operário. Um dos episódios marcantes foi a passeata realizada em Nova York, em 26 de fevereiro de 1909, quando cerca de 15 mil mulheres foram às ruas para protestar contra as longas jornadas de trabalho, que chegavam a 16 horas diárias, além de exigir melhores salários e condições dignas nas fábricas.

A proposta de criar uma data dedicada à luta das mulheres surgiu em 1910, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, quando a ativista alemã Clara Zetkin sugeriu uma jornada anual de manifestações em defesa dos direitos femininos, sem definir inicialmente uma data fixa.

Do incêndio de Nova York à greve na Rússia

No Brasil, é comum associar a origem do Dia Internacional das Mulheres ao incêndio ocorrido em 25 de março de 1911, na Triangle Shirtwaist Company, em Nova York. A tragédia, que resultou na morte de 146 trabalhadores — sendo 125 mulheres —, expôs as precárias condições enfrentadas nas fábricas e impulsionou debates sobre segurança e direitos trabalhistas.

Entretanto, foi na Rússia que o 8 de março se consolidou como marco histórico. Em 1917, operárias protestaram contra a fome e a Primeira Guerra Mundial, dando início a uma greve geral que desencadeou a Revolução Russa. A manifestação ocorreu em 23 de fevereiro no calendário juliano, equivalente a 8 de março no calendário gregoriano, data que passou a ser celebrada oficialmente pelos soviéticos como homenagem à força e resistência das mulheres trabalhadoras.

Reconhecimento mundial e os desafios que permanecem

Em 1975, o Dia Internacional das Mulheres foi reconhecido globalmente pela ONU, durante o Ano Internacional das Mulheres, como forma de celebrar as conquistas políticas e sociais femininas. Desde então, a data se tornou um símbolo mundial de resistência e mobilização.

Apesar dos avanços, as reivindicações que motivaram a criação da data permanecem atuais. Desigualdade salarial, violência contra a mulher, feminicídio e criminalização do aborto seguem como pautas centrais dos protestos que ocorrem todos os anos em diferentes partes do mundo. No Brasil, a data é marcada por manifestações em várias cidades, reforçando a luta por direitos iguais e pelo fim da violência de gênero.

Como destaca a socióloga Eva Blay, embora o debate sobre essas questões tenha ganhado mais visibilidade, a evolução ainda é lenta. "O que mudou foi que hoje conseguimos falar sobre os problemas. Antes, tudo era escondido. Hoje, esses temas vieram à tona, mas ainda há muito a ser feito", afirmou.

Assim, o 8 de março segue sendo um dia de luta, memória e resistência, lembrando que a igualdade plena ainda é um objetivo a ser conquistado.



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