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Geral
06/03/2025 12:00:00

Tadala-folia: remédio vira febre no Carnaval e levanta alerta sobre riscos à saúde

Tadala-folia: remédio vira febre no Carnaval e levanta alerta sobre riscos à saúde

O clima irreverente do Carnaval trouxe uma nova tendência que tomou conta dos blocos pelo Brasil: foliões fantasiados de caixas de tadalafila, medicamento conhecido pelo tratamento da disfunção erétil. A febre foi além das fantasias e chegou até aos ambulantes, que inovaram com a venda de caipirinhas misturadas ao remédio — combinação que acendeu o sinal de alerta entre profissionais da saúde.

Popularidade crescente e uso sem controle preocupam especialistas

Originalmente indicado para tratar a disfunção erétil e problemas circulatórios, a tadalafila ganhou espaço também em academias, sendo utilizada por quem busca potencializar o desempenho físico. Apesar da popularidade, o urologista Fernando Marsicano adverte que, como qualquer medicamento, seu uso indiscriminado pode provocar efeitos colaterais, como dor muscular, congestão nasal, dores de cabeça, reações alérgicas e, em casos graves, infartos e AVCs, especialmente em pessoas com doenças vasculares. “É fundamental procurar orientação médica antes de consumir a medicação”, reforça.

Carnaval virou palco para a "onda tadala"

Nas redes sociais, cidades como São Luís e Belo Horizonte viralizaram com foliões desfilando fantasiados de caixas gigantes de tadalafila, sendo apelidados de "tadalafilo" e "mano do tadala". No Pará, o bloco “Tadalafila” realizou sua segunda edição, com abadás que imitavam a embalagem do remédio.

Tadalafila também inspira músicas e dispara nas vendas

A explosão da tadalafila não se limita às ruas. Sucesso nas plataformas de streaming, músicas como Tadalafila, de Alanzim Coreano e Os Barões da Pisadinha (2023), e Tadala, de Tierry e parceiros (2024), reforçam a imagem do medicamento como símbolo de virilidade e resistência. No Spotify, já são mais de cem faixas que fazem menção ao remédio.

Essa popularidade se reflete nas farmácias. Em 2020, foram vendidas cerca de 21 milhões de caixas do medicamento. Em 2024, o número ultrapassou 62 milhões, segundo dados da Anvisa. Só no primeiro semestre do ano passado, mais de 31 milhões de envelopes foram comercializados, indicando um crescimento expressivo no consumo.

Preconceito superado, mas banalização preocupa

Para Marsicano, o aumento nas vendas também se deve ao fim do preconceito em torno do medicamento, antes restrito ao tratamento da disfunção erétil, e hoje também indicado para condições como hiperplasia prostática e hipertensão pulmonar. No entanto, ele reforça a importância de não banalizar o uso. “A tadalafila deve ser utilizada com responsabilidade e dentro das orientações médicas, respeitando suas indicações e os riscos envolvidos”, alerta.

Em meio ao sucesso nos blocos e nas playlists, o alerta permanece: mesmo com todo o humor e criatividade do Carnaval, o uso do medicamento sem acompanhamento pode trazer sérias consequências à saúde.



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