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Acidente
05/03/2025 18:00:00

Visita de altos funcionários da ONU ressalta crise tripla em Moçambique

Visita de altos funcionários da ONU ressalta crise tripla em Moçambique

Moçambique enfrenta uma crise complexa, marcada pela combinação de violência armada, impactos severos de ciclones e secas, além de dificuldades econômicas crescentes. A gravidade da situação foi destacada durante a visita de altos representantes humanitários das Nações Unidas ao país africano de língua portuguesa, encerrada na semana passada.

A secretária-geral adjunta para Assuntos Humanitários da ONU, Joyce Msuya, e o diretor executivo adjunto do Programa Mundial de Alimentos (WFP), Carl Skau, realizaram encontros com autoridades locais e nacionais, além de parceiros humanitários, representantes da ONU, doadores e instituições financeiras internacionais, para avaliar as necessidades urgentes da população.

Violência e ciclones já afetaram mais de 1 milhão de moçambicanos

De acordo com dados do Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), a escalada dos conflitos no norte de Moçambique provocou o deslocamento de 715 mil pessoas, enquanto os ciclones Chido e Dikeledi afetaram cerca de 680 mil habitantes. A situação se agrava com a seca causada pelo fenômeno El Niño, que aumenta ainda mais a vulnerabilidade das comunidades locais, impactando diretamente mulheres e meninas, que sofrem de forma desproporcional com as consequências dessa crise.

Durante a visita, os representantes da ONU viajaram até a província de Cabo Delgado, onde estiveram com moradores dos distritos de Macomia, Pemba e Mecufi. Nessas áreas, a combinação de violência e desastres naturais destruiu serviços básicos, infraestrutura e meios de subsistência, gerando um cenário alarmante.

Joyce Msuya destacou que as comunidades afetadas deixaram claro que suas principais necessidades são a conquista de uma paz duradoura, soluções habitacionais permanentes e acesso à educação para as crianças, fatores essenciais para reconstruir suas vidas e garantir um futuro digno.

Em Mecufi, os líderes da ONU visitaram um centro de distribuição de alimentos apoiado pelo WFP, que atende aproximadamente 5,3 mil pessoas afetadas pela destruição causada pelo ciclone Chido, que atingiu a região em dezembro de 2024.

Financiamento atinge apenas 3% do necessário

Carl Skau reforçou a urgência de ampliar a atenção global à crise em Moçambique, ressaltando que as comunidades precisam de apoio para superar as perdas provocadas tanto pelos conflitos quanto pelos desastres naturais. Ele relatou casos de famílias que, além de sofrerem com a violência, perderam tudo o que restava após a passagem do ciclone Chido, e alertou para a necessidade urgente de reforçar os esforços de distribuição de alimentos.

Mesmo diante do aumento das demandas humanitárias, os recursos destinados à resposta emergencial seguem insuficientes. Apenas 3% dos US$ 619 milhões solicitados para 2025 foram arrecadados até o momento. Dentro desse valor, o WFP precisa urgentemente de US$ 170 milhões para continuar fornecendo assistência vital nos próximos seis meses e evitar uma crise de fome em larga escala.

Joyce Msuya alertou para a pressão crescente sobre o financiamento humanitário global e reforçou que o mundo não pode virar as costas para Moçambique em um momento tão crítico, no qual milhões de pessoas dependem da solidariedade internacional para sobreviver e reconstruir suas vidas.



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