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Acidente
05/03/2025 04:00:00

Sem políticas públicas imediatas, mundo enfrentará grave epidemia de obesidade até 2050, aponta estudo

Sem políticas públicas imediatas, mundo enfrentará grave epidemia de obesidade até 2050, aponta estudo

Um estudo divulgado nesta terça-feira (4) alerta que, sem ações urgentes por parte dos governos, o mundo poderá enfrentar uma epidemia sem precedentes de sobrepeso e obesidade até 2050. De acordo com os pesquisadores, seis em cada dez adultos e uma em cada três crianças e adolescentes estarão acima do peso ou obesos, pressionando ainda mais os sistemas de saúde já sobrecarregados.

Publicado na revista The Lancet, o estudo reúne dados de 204 países e territórios com base no programa Global Burden of Disease, financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates. Segundo os autores, a falta de políticas eficazes ao longo das últimas três décadas resultou em um crescimento alarmante de casos no mundo todo.

Entre 1990 e 2021, o número de adultos com mais de 25 anos acima do peso quase triplicou, saltando de 731 milhões para 2,11 bilhões. No mesmo período, os casos entre crianças e adolescentes de 5 a 24 anos mais que dobraram, passando de 198 milhões para 493 milhões.

Sem medidas concretas, projeções indicam que até 2050, 60% dos adultos (cerca de 3,8 bilhões de pessoas) e 31% das crianças e adolescentes (aproximadamente 746 milhões) estarão com sobrepeso ou obesidade.

Estudo recomenda ações globais para enfrentar crise de obesidade

Diante do cenário crítico, os especialistas defendem a adoção de planos de ação quinquenais entre 2025 e 2030, com foco em estratégias como a regulamentação da publicidade de alimentos ultraprocessados, a criação de espaços esportivos e parques infantis nas escolas, o incentivo ao aleitamento materno e a promoção de dietas equilibradas desde a gestação.

A pesquisa destaca ainda que, até 2050, um em cada três jovens com obesidade estará concentrado no Norte da África e no Oriente Médio, seguido pela América Latina e o Caribe, gerando impactos significativos na saúde, na economia e na sociedade dessas regiões.

Epidemia deve aumentar a pressão sobre sistemas de saúde no mundo

As projeções apontam que a obesidade juvenil crescerá 121% globalmente, totalizando 360 milhões de crianças e adolescentes obesos em 2050. Entre 2022 e 2030, espera-se um aumento expressivo entre meninos de 5 a 14 anos, com previsão de mais obesos (16,5%) do que indivíduos apenas com sobrepeso (12,9%) nessa faixa etária.

O agravamento da epidemia também trará desafios extras para os sistemas de saúde, especialmente em países com poucos recursos, já que quase um quarto dos adultos obesos em 2050 terá 65 anos ou mais.

Para a doutora Jessica Kerr, do Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch, na Austrália, a prevenção da obesidade precisa estar no centro das políticas públicas, principalmente em países de baixa e média renda. Segundo ela, o tempo para agir é curto, e estratégias abrangentes devem ser adotadas para melhorar a nutrição, estimular a prática de atividades físicas e garantir ambientes saudáveis para a população.

Países com maior número de casos concentram mais da metade da população com sobrepeso

Atualmente, mais da metade dos casos de sobrepeso e obesidade no mundo estão em apenas oito países: China (402 milhões), Índia (180 milhões), Estados Unidos (172 milhões), Brasil (88 milhões), Rússia (71 milhões), México (58 milhões), Indonésia (52 milhões) e Egito (41 milhões).

Relatório aponta que obesidade já afeta mais países de baixa e média renda

Os dados do estudo reforçam as informações divulgadas no Atlas Mundial da Obesidade 2024, da Federação Mundial da Obesidade, que indica que, até 2035, 79% dos adultos e 88% das crianças com sobrepeso e obesidade estarão em países de baixa e média renda.

A projeção é que o número de adultos obesos suba de 810 milhões em 2020 para 1,53 bilhão em 2035. Segundo o Atlas, a obesidade já não é mais um problema exclusivo de países ricos. Hoje, 78% das mortes relacionadas ao alto Índice de Massa Corporal (IMC) ocorrem justamente em países de baixa e média renda, superando as taxas de 22% registradas em nações mais desenvolvidas.



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