Benjamin Netanyahu presta depoimento em julgamento de corrupção em Israel

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, depôs pela 14ª vez na última terça-feira para se defender das acusações de corrupção em seu julgamento, que já se estende há quase cinco anos. Esta é a primeira vez que um chefe de governo em exercício no país presta depoimento como réu em um processo dessa natureza.

O julgamento teve início em maio de 2020, mas enfrentou diversas interrupções, incluindo o adiamento provocado pela guerra entre Israel e o Hamas. O caso representa um momento delicado para Netanyahu, que além das acusações na Justiça enfrenta também um mandado de captura internacional por supostos crimes de guerra em Gaza.

As acusações, formalizadas em 2019, envolvem três processos distintos nos quais Netanyahu responde por fraude, abuso de confiança e suborno. Em um dos casos, ele teria recebido charutos e champanhe avaliados em dezenas de milhares de dólares de um produtor bilionário de Hollywood, em troca de favorecimento em interesses pessoais e comerciais.

Outro episódio investigado envolve benefícios concedidos à empresa de telecomunicações Bezeq, estimados em cerca de 475 mil euros, supostamente em troca de cobertura positiva no portal de notícias Walla, pertencente ao grupo. Netanyahu também é acusado de tentar negociar apoio editorial favorável com o proprietário do jornal israelense Yedioth Ahronoth.

O primeiro-ministro nega todas as acusações e afirma ser alvo de perseguição política promovida por setores da mídia e do Judiciário, que, segundo ele, desejam enfraquecer seu governo.

Caso seja condenado, Netanyahu pode pegar até 10 anos de prisão pelas acusações de suborno e até 3 anos por fraude e quebra de confiança.

O julgamento segue sem previsão de conclusão e, segundo estimativas, apenas a fase de depoimento e contrainterrogatório de Netanyahu deve durar pelo menos mais oito meses.

O processo também se desenrola em meio a um período turbulento para a política israelense. Após retornar ao poder com a vitória nas eleições de 2022, Netanyahu e seu governo de extrema-direita tentaram promover mudanças no sistema judicial, o que gerou protestos massivos em Israel e aumentou preocupações internacionais sobre a preservação da democracia no país.

Apesar das críticas, Netanyahu nega qualquer relação entre a tentativa de reforma judicial e seu julgamento por corrupção.