O guitarrista dos Titãs, Tony Bellotto, revelou por meio de um vídeo no Instagram que recebeu o diagnóstico de câncer de pâncreas após exames de rotina e precisará passar por cirurgia.
"Vou me afastar temporariamente dos palcos, mas os Titãs seguem com a agenda programada, acompanhados pelo músico Alexandre de Orio. Assim que me recuperar, retorno aos shows e às minhas atividades profissionais", explicou Bellotto na publicação.
O músico também agradeceu o apoio recebido e pediu tranquilidade aos fãs: "Desde já, quero agradecer as mensagens de carinho e apoio e pedir que não sofram. Sem drama. Estou tranquilo e confiante, enfrentando tudo com coragem e dignidade."
O pâncreas é uma glândula fundamental na produção de insulina, hormônio que ajuda o corpo a utilizar a glicose como fonte de energia para as células.
Quais são os sintomas do câncer de pâncreas
Essa doença costuma ser mais frequente em homens acima dos 60 anos. Entre os principais sinais do câncer de pâncreas, destacam-se:
Outros sintomas podem incluir:
Crescimento dos casos e mortalidade
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de pâncreas passou a figurar entre os mais frequentes do Brasil em 2023. Segundo a oncologista clínica Mariana Bruna Siqueira, da Oncologia D’Or no Rio de Janeiro, o crescimento da doença se destaca principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, as mais desenvolvidas do país. A previsão do Inca foi de 10.980 novos casos em 2023.
Entre 2011 e 2020, o número de mortes anuais causadas pelo câncer de pâncreas saltou de 7,7 mil para 11,8 mil, aumento superior a 50%. Em 2020, 5.882 homens e 6.011 mulheres morreram em decorrência da doença, tornando esse tumor o sétimo mais mortal entre os homens e o quinto entre as mulheres.
Nos Estados Unidos, as projeções indicam que o câncer de pâncreas deve se tornar o segundo tipo mais letal nas próximas duas décadas, ficando atrás apenas do câncer de pulmão, com aumento superior a 65% no número de casos.
O que explica o aumento dos casos de câncer de pâncreas
Alguns fatores ajudam a entender a elevação dos números:
Desafios no diagnóstico e na gravidade do câncer de pâncreas
Segundo especialistas, apenas 15% a 20% dos casos são identificados quando ainda estão restritos ao pâncreas. Os sintomas geralmente só aparecem em estágios avançados e costumam ser inespecíficos, como perda de peso, dores na região abdominal e amarelamento da pele e dos olhos (icterícia), causado pela compressão de estruturas próximas ao tumor.
Não há exames de rotina para detecção precoce, como ocorre com a mamografia e o papanicolau. Além disso, trata-se de um câncer mais agressivo, com taxas de cura inferiores às de outros tipos de tumores. Enquanto o câncer de intestino localizado pode ter até 80% de chances de cura, no de pâncreas, mesmo em estágios iniciais, essa taxa gira em torno de 30%.
Avanços no tratamento do câncer de pâncreas
Apesar dos desafios, o tratamento para câncer de pâncreas tem apresentado avanços importantes.
Quando o tumor é identificado cedo, a cirurgia é a primeira opção. Nos casos em que a doença já se espalhou, quimioterapia e radioterapia são as alternativas utilizadas. Em algumas situações, a quimioterapia pode reduzir o tumor e permitir a realização da cirurgia posteriormente.
Novas terapias também estão surgindo, como a imunoterapia, que estimula o próprio sistema imunológico a atacar as células cancerígenas. Porém, essa abordagem ainda se restringe a pacientes com mutações genéticas específicas, correspondendo a cerca de 1% dos casos.
Outro tratamento experimental é a terapia com CAR-T Cells, que envolve modificar células imunológicas do paciente para que combatam o tumor, método já usado em certos cânceres de sangue, mas ainda em fase de pesquisa para tumores sólidos como o de pâncreas.
Vale destacar que o transplante de pâncreas, indicado em casos graves de diabetes, não é uma opção para tratar o câncer, já que a imunossupressão necessária após o procedimento poderia acelerar a disseminação da doença.
Prevenção do câncer de pâncreas
Para reduzir os riscos de desenvolver a doença, médicos reforçam a importância de manter hábitos saudáveis, como adotar uma dieta rica em vegetais e com baixo teor de gordura saturada, evitar o tabagismo, praticar atividades físicas regularmente e manter um peso adequado.