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Política
04/03/2025 16:00:00

Lula fará primeira visita do mandato a assentamento do MST e anunciará medidas para agricultores familiares

Lula fará primeira visita do mandato a assentamento do MST e anunciará medidas para agricultores familiares

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) agendou para esta sexta-feira (7/3) sua primeira visita, neste mandato, a um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O evento acontecerá no Quilombo Campo Grande, localizado em Campo do Meio, Minas Gerais, onde o presidente pretende divulgar uma série de ações voltadas para trabalhadores sem terra e produtores da agricultura familiar.

Entre as medidas que devem ser apresentadas por Lula estão o assentamento de 12 mil famílias e o lançamento de novas políticas de crédito para fortalecer a produção rural dos pequenos agricultores.

Lula se reúne com MST em meio a críticas pela demora na reforma agrária

A visita ocorre em um cenário de insatisfação do MST com o governo federal devido à lentidão na condução da reforma agrária. Em janeiro deste ano, o movimento divulgou uma carta aberta em que apontava a "paralisação" das ações prometidas durante a campanha eleitoral. O MST teve participação ativa no apoio à candidatura de Lula em 2022 e agora pressiona o governo por avanços concretos na área.

Além da cobrança por mais ações, existe preocupação dentro do governo com o Abril Vermelho, período em que o MST intensifica ocupações de terras consideradas improdutivas. Em 2024, essas ações resultaram em 35 ocupações, número superior ao registrado no ano anterior, além de manifestações em unidades do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) espalhadas pelo país.

Planalto desiste de chamar MST para desfilar no 7 de setembro, mas convida movimento para comitiva no Uruguai

Na semana passada, o Palácio do Planalto comunicou a liderança do MST sobre a visita ao Quilombo Campo Grande e também os convidou para integrar a comitiva que viajou a Montevidéu, no Uruguai, para prestigiar a posse do presidente Yamandú Orsi.

Durante a estadia no país vizinho, no sábado (1º/3), João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST, divulgou um vídeo ao lado do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, chamando para o evento em Minas Gerais. Segundo Teixeira, os anúncios previstos beneficiarão famílias sem terra de todo o Brasil.

O Quilombo Campo Grande abriga mais de 459 famílias em uma área que pertencia à antiga Usina Ariadnópolis, dedicada à produção de açúcar e álcool e falida desde os anos 1990. Desde então, os trabalhadores ocupam o local, que já foi alvo de 11 tentativas de despejo, incluindo ações lideradas pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema, durante a pandemia.

No final de 2023, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de recuperação judicial da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), antiga administradora da usina. Com essa decisão, abriu-se espaço para a desapropriação da área, e a expectativa é que Lula assine o ato formalizando a posse da terra para os moradores do quilombo durante a visita.

MST cobra mais recursos e aumento no número de famílias assentadas

O MST reivindica do governo federal a regularização para 100 mil famílias, das quais 65 mil deveriam ser atendidas ainda em 2024. No entanto, o governo prevê o assentamento de apenas 20 mil famílias até dezembro, número considerado insuficiente pelo movimento.

Outro ponto de insatisfação é o orçamento destinado ao Incra. Em 2023, a instituição aplicou R$ 567 milhões, valor considerado muito abaixo dos investimentos realizados nos governos anteriores de Lula, quando a média anual ultrapassava R$ 3,6 bilhões.

Além de atender parte dessas demandas, Lula busca evitar desgastes políticos provocados pelo aumento das ocupações durante o Abril Vermelho e a consequente reação de setores do agronegócio e da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). O crescimento das ações do MST gerou atritos em anos anteriores, levando, em 2023, à instalação da CPI do MST no Congresso, que terminou sem resultados concretos. Já em 2024, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que impede invasores de propriedades rurais de receber benefícios sociais, como o Bolsa Família.