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Acidente
03/03/2025 19:00:00

Revolta em Israel após admissão de falhas no ataque do Hamas

Revolta em Israel após admissão de falhas no ataque do Hamas

Depois que militares reconheceram ter ocorrido uma "falha completa" antes dos ataques do Hamas em 7 de outubro, aumentaram os pedidos por uma investigação política mais ampla em Israel.

Relatório das Forças de Defesa expõe deficiências

O documento divulgado pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) sobre os atentados no sul do país trouxe informações que, embora não fossem totalmente inéditas, reforçaram a gravidade da situação. A publicação do relatório ocorreu após semanas intensas, marcadas pela libertação de mais de 30 reféns e o retorno de outros oito corpos.

Enquanto isso, a incerteza persiste em relação à próxima fase do acordo de cessar-fogo e à situação dos 59 soldados e civis ainda mantidos reféns em Gaza, dos quais se acredita que 24 permanecem vivos.

Críticas à subestimação do Hamas

A imprensa israelense destacou o impacto do relatório, com manchetes como "A cegueira, o fracasso, as perguntas" e "Um desastre gestado por anos", evidenciando que, durante muito tempo, a inteligência israelense subestimou a capacidade do Hamas.

Desde 2007, quando assumiu o controle de Gaza após vencer as eleições, o Hamas enfrenta rígida vigilância de Israel, que reforçou suas fronteiras e o controle de entrada e saída de pessoas e mercadorias. Mesmo com essas medidas, o grupo e Israel travaram diversos confrontos nos últimos anos.

Ataque de outubro expõe falhas graves da defesa israelense

Em 7 de outubro de 2023, militantes do Hamas realizaram um ataque em larga escala no sul de Israel, resultando na morte de 1.200 pessoas e no sequestro de 251, segundo dados oficiais. Esse episódio desencadeou uma guerra que já ultrapassa 15 meses e deixou mais de 48 mil mortos em Gaza, conforme informações do Ministério da Saúde local.

Para muitos israelenses, o recente relatório sobre as ações dos diferentes setores militares chega tarde ou traz poucas novidades, mas reforça o impacto profundo da incapacidade das IDF em proteger a população. Nas últimas semanas, moradores de comunidades próximas a Gaza receberam relatórios detalhados dos acontecimentos em suas regiões.

Busca por respostas e reconstrução da confiança

Segundo Ofer Shelah, pesquisador do Instituto de Estudos de Segurança Nacional (INSS), o relatório tem um papel essencial ao reconhecer os erros diante das famílias afetadas e das comunidades atingidas. A intenção é restabelecer a confiança entre a sociedade e o Exército por meio da transparência sobre os fatos.

Apesar disso, continuam as dúvidas sobre a atuação das Forças Armadas e das lideranças políticas. Para Tamir Hayman, diretor do INSS e ex-chefe da Diretoria de Inteligência Militar, ainda faltam respostas sobre as causas dos erros e as soluções necessárias.

Erro estratégico na avaliação do Hamas

A investigação revelou que, por muitos anos, a análise sobre o Hamas permaneceu sem contestação, e não houve questionamentos sobre a possibilidade de estarem equivocados em suas avaliações.

Conforme apontado pelo jornalista Amos Harel no Ha'aretz, os serviços de inteligência e as IDF não acreditavam que o Hamas pudesse organizar um ataque coordenado com milhares de militantes em mais de 100 pontos estratégicos, dominando parte do território protegido pela Divisão de Gaza.

Além disso, a apuração criticou a postura dos líderes políticos e dos serviços de segurança, que optaram por uma estratégia de "gestão do conflito", minimizando a ameaça representada pelo Hamas em comparação com grupos como o Hezbollah e o Irã. Essa confiança excessiva em tecnologia avançada gerou uma perigosa sensação de segurança, enquanto o Hamas preparava uma ofensiva surpreendente.

Planejamento de longa data e reavaliação da ameaça

De acordo com documentos obtidos em Gaza e depoimentos de membros do Hamas capturados, o grupo começou a planejar um ataque de grande escala após a guerra de 2014. O projeto, batizado de "Muro de Jericó", foi liderado por Yahya Sinvar, considerado o principal responsável pelo ataque de outubro desde que assumiu a liderança do Hamas em Gaza em 2017.

O relatório indicou que o Hamas cogitou executar esse plano já em 2021, durante o conflito conhecido como "Operação Guardião dos Muros". Naquele momento, a inteligência israelense desconhecia os detalhes do projeto.

A guerra de 2021 foi interpretada pelas autoridades israelenses como uma vitória, com a destruição de túneis usados pelo Hamas e a conclusão de que a segurança havia sido reforçada. Porém, o Hamas saiu fortalecido do confronto, percebendo que obteve apoio regional sem enfrentar uma grande ofensiva terrestre de Israel.

Pressão por investigação política aumenta

A divulgação do relatório reacendeu os pedidos por uma comissão de inquérito para apurar a responsabilidade da liderança política israelense. Segundo Ofer Shelah, há um sentimento popular de que os responsáveis precisam ser punidos, e, por isso, cresce o apelo por uma investigação oficial.

Uma pesquisa publicada em fevereiro revelou que apenas 6% da população considera suficiente a apuração militar, enquanto 58% defendem a criação de uma comissão de inquérito estatal.

Enquanto o chefe do Estado-Maior das IDF, Herzi Halevi, decidiu deixar o cargo após os erros cometidos, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se recusa a assumir responsabilidades e adia qualquer investigação abrangente até o fim do conflito.



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