Pix por aproximação divide opiniões após lançamento e levanta alerta para segurança durante o Carnaval

Lançado pelo Banco Central na véspera do Carnaval, o Pix por aproximação surge como mais uma alternativa prática para quem deseja realizar pagamentos presenciais sem precisar digitar chaves ou escanear QR Codes. A novidade, que utiliza a tecnologia NFC, ainda é recente e gera dúvidas tanto entre comerciantes quanto consumidores, além de exigir atenção redobrada diante do aumento das transações durante o período carnavalesco.

Em Brasília, por exemplo, alguns comerciantes ainda desconheciam a funcionalidade, que já pode ser utilizada em algumas máquinas de pagamento. Para quem testou, como a recepcionista Erica Reis, a praticidade agradou: “Prefiro por aproximação. É mais rápido do que digitar a chave ou escanear QR Code”. Já o motorista de aplicativo José Afonso de Araújo considerou a mudança sutil, comparando-a ao débito por aproximação: “Acho que só adicionou algo que já existia”.

Inicialmente, o Pix por aproximação está disponível apenas para dispositivos Android via Google Pay, com limite de R$ 500 por transação.

Alerta para golpes durante o Carnaval

Com o aumento do fluxo de compras e aglomerações típicas do Carnaval, especialistas chamam atenção para os riscos de golpes. Segundo Thiago Amaral, professor da FGV-SP, distração e alto volume de pagamentos favorecem fraudes como a troca de cartões e alterações de valores em transações.

O especialista recomenda priorizar pagamentos que exijam autenticação em duas etapas, como biometria e senha, além de sempre conferir os valores exibidos antes de finalizar a compra.

Francisco Gomes Júnior, advogado e presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP), questiona a real necessidade do Pix por aproximação: “O Pix já é simples. Será que precisa ser ainda mais? Talvez manter a chave ou CNPJ evite riscos desnecessários”. Ele ainda ressalta que fraudes comuns nos cartões por aproximação podem se repetir com o Pix, como cobranças indevidas e valores alterados.

Potencial e desafios

Para Ricardo Calegaro, diretor de operações da Nava Technology of Business, a novidade é um avanço importante na experiência do cliente, mas reforça que a segurança deve ser prioridade. Segundo ele, além do uso de tecnologias consolidadas, será necessário investimento em campanhas educativas e em sistemas antifraude mais robustos, especialmente considerando a integração com o Open Finance, que amplia as possibilidades, mas também demanda novos cuidados.

Assim, enquanto alguns consumidores aprovam a praticidade, especialistas seguem atentos aos desafios e riscos que a nova modalidade pode trazer.