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Acidente
01/03/2025 23:00:00

Ex-porta-voz da ONU na Ucrânia, brasileiro relata os horrores da guerra

"Não podemos esquecer da Ucrânia", alerta Saviano Abreu

Ex-porta-voz da ONU na Ucrânia, brasileiro relata os horrores da guerra

A Ucrânia completa três anos de guerra nesta segunda-feira (26), desde que a Rússia invadiu o país na madrugada de 24 de fevereiro de 2022. Desde então, mais de 12,6 mil pessoas morreram e 29,3 mil ficaram feridas, segundo as Nações Unidas (ONU). A organização destaca que 84% das vítimas estavam em áreas controladas pelo governo ucraniano, enquanto os outros 16% estavam em territórios ocupados pela Rússia.

O brasileiro Saviano Abreu, que atuou como porta-voz do Escritório de Assistência Humanitária da ONU (Ocha) na Ucrânia, relembrou os desafios enfrentados no país e a necessidade urgente de ajuda humanitária para milhões de ucranianos.

Destruição e impacto humanitário

A ONU estima que, em 2024, cerca de 12,7 milhões de ucranianos – 36% da população – precisarão de assistência humanitária para sobreviver. O cenário inclui escolas destruídas, um sistema de saúde colapsado e milhões de deslocados internos.

"Me dá dor, tristeza e raiva pensar nas crianças que conheci, brincalhonas e curiosas, que agora não têm garantia de educação ou futuro. Quase 4 mil escolas foram destruídas ou danificadas. Além disso, mais de 2 mil ataques atingiram hospitais e instalações de saúde desde o início da guerra", afirmou Saviano.

A tensão sob bombardeios constantes

Em seu depoimento à ONU News, Saviano relembrou os momentos de tensão vividos na Ucrânia, incluindo a dificuldade de garantir que as informações sobre o conflito chegassem ao mundo.

"Eu me lembro da aflição de escrever comunicados sobre bombardeios e vítimas, tentando enviar as informações com uma lanterna, com medo de que o computador ou o telefone desligassem devido às crises energéticas. Viver sob o risco constante de ataques é um medo que nunca some."

Ele também destacou que muitas das cidades e vilarejos que visitou nas regiões de Zaporizhzhia, Kherson, Donetsk e Kharkiv já não existem mais, completamente devastadas pelos combates.

Falta de recursos ameaça assistência humanitária

Além da destruição causada pelos ataques, Saviano alerta que os cortes na ajuda humanitária ameaçam o socorro às vítimas da guerra. Na semana passada, o coordenador humanitário da ONU na Ucrânia, Matthias Schmale, afirmou que serão necessários US$ 2,6 bilhões este ano para atender 6 milhões de pessoas.

"Muitos comboios humanitários dos quais participei agora correm o risco de não acontecer. Infelizmente, quase 13 milhões de pessoas ainda precisam de ajuda humanitária e, sem recursos, essa assistência pode não chegar."

"O que os ucranianos mais precisam é de paz"

Por fim, Saviano fez um apelo para que o mundo não esqueça a Ucrânia e sua população que ainda sofre com os impactos do conflito.

"O que os ucranianos mais precisam é de paz, baseada no direito internacional e na Carta da ONU. Mas, enquanto isso não acontece, a ajuda humanitária é mais necessária do que nunca. Não podemos esquecer da Ucrânia."



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