A Ucrânia completa três anos de guerra nesta segunda-feira (26), desde que a Rússia invadiu o país na madrugada de 24 de fevereiro de 2022. Desde então, mais de 12,6 mil pessoas morreram e 29,3 mil ficaram feridas, segundo as Nações Unidas (ONU). A organização destaca que 84% das vítimas estavam em áreas controladas pelo governo ucraniano, enquanto os outros 16% estavam em territórios ocupados pela Rússia.
O brasileiro Saviano Abreu, que atuou como porta-voz do Escritório de Assistência Humanitária da ONU (Ocha) na Ucrânia, relembrou os desafios enfrentados no país e a necessidade urgente de ajuda humanitária para milhões de ucranianos.
A ONU estima que, em 2024, cerca de 12,7 milhões de ucranianos – 36% da população – precisarão de assistência humanitária para sobreviver. O cenário inclui escolas destruídas, um sistema de saúde colapsado e milhões de deslocados internos.
"Me dá dor, tristeza e raiva pensar nas crianças que conheci, brincalhonas e curiosas, que agora não têm garantia de educação ou futuro. Quase 4 mil escolas foram destruídas ou danificadas. Além disso, mais de 2 mil ataques atingiram hospitais e instalações de saúde desde o início da guerra", afirmou Saviano.
Em seu depoimento à ONU News, Saviano relembrou os momentos de tensão vividos na Ucrânia, incluindo a dificuldade de garantir que as informações sobre o conflito chegassem ao mundo.
"Eu me lembro da aflição de escrever comunicados sobre bombardeios e vítimas, tentando enviar as informações com uma lanterna, com medo de que o computador ou o telefone desligassem devido às crises energéticas. Viver sob o risco constante de ataques é um medo que nunca some."
Ele também destacou que muitas das cidades e vilarejos que visitou nas regiões de Zaporizhzhia, Kherson, Donetsk e Kharkiv já não existem mais, completamente devastadas pelos combates.
Além da destruição causada pelos ataques, Saviano alerta que os cortes na ajuda humanitária ameaçam o socorro às vítimas da guerra. Na semana passada, o coordenador humanitário da ONU na Ucrânia, Matthias Schmale, afirmou que serão necessários US$ 2,6 bilhões este ano para atender 6 milhões de pessoas.
"Muitos comboios humanitários dos quais participei agora correm o risco de não acontecer. Infelizmente, quase 13 milhões de pessoas ainda precisam de ajuda humanitária e, sem recursos, essa assistência pode não chegar."
Por fim, Saviano fez um apelo para que o mundo não esqueça a Ucrânia e sua população que ainda sofre com os impactos do conflito.
"O que os ucranianos mais precisam é de paz, baseada no direito internacional e na Carta da ONU. Mas, enquanto isso não acontece, a ajuda humanitária é mais necessária do que nunca. Não podemos esquecer da Ucrânia."