Pesquisadores na China identificaram um novo coronavírus em morcegos com potencial para infectar humanos, levantando preocupações sobre o risco de futuras pandemias. O vírus, denominado HKU5-CoV-2, utiliza o mesmo receptor celular humano que o SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19, de acordo com um estudo publicado na revista científica Cell em 18 de fevereiro. As informações são da Fox.
A pesquisa foi conduzida por Zheng-Li Shi, do Laboratório de Guangzhou, na província de Guangdong, em parceria com cientistas da Academia de Ciências de Guangzhou, da Universidade de Wuhan e do Instituto de Virologia de Wuhan. Os testes indicaram que o HKU5-CoV-2 foi capaz de infectar células humanas, além de tecidos pulmonares e intestinais cultivados artificialmente.
Embora o novo coronavírus tenha demonstrado capacidade de se ligar ao receptor ACE2 humano, o que possibilitaria sua transmissão para humanos, especialistas afirmam que o risco ainda é baixo. O professor clínico de medicina Marc Siegel, da NYU Langone Health, explicou que a ligação do HKU5-CoV-2 ao receptor celular é mais fraca do que a do SARS-CoV-2, tornando-o “muito menos potente”.
Ainda assim, a descoberta reforça a necessidade de monitoramento contínuo de vírus emergentes. “Os morcegos são hospedeiros naturais de diversos coronavírus, e o transbordamento zoonótico pode acontecer, permitindo que um vírus passe de animais para humanos”, destacou Siegel.
A identificação do HKU5-CoV-2 reacendeu debates sobre a transparência nas pesquisas envolvendo coronavírus em morcegos na China. O Instituto de Virologia de Wuhan já foi alvo de especulações sobre a origem da Covid-19, e há questionamentos sobre a condução desses estudos.
Para Siegel, a colaboração internacional na pesquisa científica pode fortalecer a resposta global a futuras ameaças. “A pandemia de Covid-19 foi a mais grave em um século, mas isso não significa que uma nova esteja prestes a acontecer. No entanto, é essencial que a comunidade científica permaneça vigilante”, afirmou.
O estudo publicado na Cell representa um avanço na compreensão de vírus com potencial zoonótico e destaca a importância da pesquisa na antecipação de possíveis novas doenças infecciosas.