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Acidente
22/02/2025 02:00:00

Trump Adota Narrativa Russa Sobre Guerra na Ucrânia e Abala Relações com Kiev

Presidente dos EUA rompe com a postura tradicional americana, critica Zelenski e gera preocupações entre aliados europeus

Trump Adota Narrativa Russa Sobre Guerra na Ucrânia e Abala Relações com Kiev

Ao chamar Volodimir Zelenski de "ditador sem eleição", Donald Trump não apenas atacou o líder ucraniano, mas também reforçou a narrativa do Kremlin sobre a invasão da Ucrânia. Suas declarações, somadas a uma reaproximação com Moscou, lançam dúvidas sobre o futuro do apoio americano a Kiev e ampliam tensões no cenário internacional.

“Um ditador sem eleições. É melhor Zelenski agir rápido ou vai ficar sem país”, afirmou Trump em sua rede social, Truth Social. Ele ainda acusou o líder ucraniano de evitar eleições e de ter baixa popularidade na Ucrânia.

Zelenski foi eleito democraticamente em 2019 e poderia disputar a reeleição em 2024. No entanto, o pleito foi suspenso devido à lei marcial imposta após a invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro de 2022.

Guerra de Palavras e Mudança de Rumo na Política dos EUA

Nos últimos dias, as tensões aumentaram após Trump anunciar negociações diretas com Moscou, excluindo a Ucrânia. A decisão causou inquietação entre aliados europeus e acirrou os atritos entre os líderes americano e ucraniano.

Trump começou a ecoar argumentos utilizados pelo Kremlin, afirmando que a Ucrânia iniciou a guerra, mencionando números enganosos sobre a popularidade de Zelenski e descartando a adesão ucraniana à OTAN. Para Max Bergmann, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, essas declarações sugerem que Trump pode estar preparando um "desmonte da Ucrânia" na política externa dos EUA.

Especialistas apontam que Trump mantém uma "afinidade com Vladimir Putin" e admira seu estilo autoritário. Desde o início da guerra, Zelenski recebeu apoio massivo nos EUA, mas a relação entre os dois sempre foi conturbada. Trump foi alvo de um processo de impeachment em 2019 por reter ajuda militar à Ucrânia enquanto pressionava Zelenski a investigar Joe Biden.

Reversão Drástica da Política Americana Sobre a Rússia

A mudança de postura ficou evidente quando Trump revelou ter conversado com Putin em fevereiro, afirmando que ambos concordaram em “trabalhar juntos” para encerrar a guerra. Em seguida, ligou para Zelenski, assegurando que ele estaria envolvido nas negociações, mas sem detalhar como.

O governo ucraniano reagiu com indignação às declarações de Trump. Zelenski rebateu, acusando o presidente americano de estar “imerso na desinformação russa”. Trump respondeu com ataques, chamando Zelenski de “comediante” e “ditador sem eleições”.

Republicanos como o ex-vice-presidente Mike Pence criticaram as declarações de Trump, mas a Casa Branca rapidamente endossou o discurso do presidente. Conselheiros republicanos foram às redes sociais e a emissoras de TV defender sua posição. O conselheiro de segurança nacional Mike Waltz, por exemplo, questionou: “Por que Zelenski não tenta acabar com essa guerra para o bem de seu país?”.

Aliados Europeus Rejeitam Narrativa de Trump

As declarações de Trump foram mal recebidas na Europa. Líderes como Emmanuel Macron e Keir Starmer reafirmaram apoio a Kiev e se preparam para reuniões com Joe Biden.

Starmer defendeu Zelenski como um “líder democraticamente eleito” e disse que a suspensão das eleições na Ucrânia era justificável, comparando-a à decisão do Reino Unido de adiar votações durante a Segunda Guerra Mundial.

O chanceler alemão Olaf Scholz foi enfático ao refutar as alegações de Trump, reforçando que a Rússia iniciou a guerra e que Zelenski foi eleito de maneira legítima. A Comissão Europeia também afirmou que a Ucrânia é uma democracia, enquanto a Rússia de Putin não é.

Boris Johnson, ex-primeiro-ministro britânico e aliado de Trump, minimizou as falas do republicano, dizendo que elas tinham como objetivo chocar os europeus para que tomassem medidas mais assertivas.

Analistas ponderam que as falas de Trump podem levar a uma maior mobilização da Europa em favor da Ucrânia, mas também alertam para o risco de um desmonte do apoio americano ao país. Para Bergmann, o impacto dessas declarações pode ser um divisor de águas: “Às vezes, choques são eficazes para gerar ação. Mas, em outros casos, eles podem ser fatais.”



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