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Acidente
22/02/2025 03:00:00

Marisqueiras Afetadas por Crime da Braskem Buscam Apoio do Governo

Trabalhadoras reivindicam medidas emergenciais para lidar com os impactos ambientais e sociais

Marisqueiras Afetadas por Crime da Braskem Buscam Apoio do Governo

Marisqueiras e pescadoras alagoanas que tiveram suas vidas transformadas pelo crime ambiental da mineradora Braskem pediram, na última quinta-feira (20), apoio à ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. Elas buscam soluções para enfrentar os danos causados pela exploração de sal-gema, que resultou no afundamento de bairros inteiros em Maceió há sete anos, impactando cerca de 60 mil pessoas, incluindo trabalhadoras da pesca.

A presidente da Federação dos Pescadores e Aquicultores de Alagoas (Fepeal), Maria Silva Santos, destacou a importância do encontro com a ministra para apresentar reivindicações de políticas públicas que atendam diretamente as mulheres afetadas. “O impacto ambiental obrigou muitas marisqueiras a trabalharem a mais de duas horas do local onde tradicionalmente garantiam seu sustento”, afirmou.

Impactos na Vida das Trabalhadoras

Além da perda de moradia, muitas pescadoras também foram impedidas de trabalhar em seus territórios, enfrentaram contaminação da água e sofreram queda significativa na renda familiar.

“Enfrentamos diversos tipos de violência, não apenas a violência comum, mas também o racismo ambiental e a degradação dos nossos rios e mares”, afirmou Ana Paula Santos, da Rede de Mulheres Pescadoras da Costa dos Corais.

A ministra Cida Gonçalves garantiu que o governo federal tomará as providências necessárias, articulando com outros ministérios para acelerar a implementação de soluções. Maria Silva Santos ressaltou que muitas dessas mulheres são mães e chefes de família, além de manterem a tradição pesqueira herdada de seus ancestrais.

Segundo dados do Sistema de Registro Geral da Atividade Pesqueira (2023), Alagoas possui 20.643 pescadores artesanais, sendo 58% mulheres. A estimativa é que cerca de 12 mil mulheres atuem na pesca, muitas delas de forma informal e com rendimentos inferiores a um salário mínimo. Um novo levantamento sobre a realidade da categoria está em andamento.

Mudanças Climáticas e a Diminuição do Sururu

Além da necessidade de se afastarem de suas áreas de trabalho devido à contaminação, as pescadoras também enfrentam desafios decorrentes das mudanças climáticas. A redução do volume de pescados, especialmente do sururu, tem impactado diretamente suas condições de trabalho.

“A alteração no regime de chuvas tornou a água mais salobra, dificultando a reprodução do sururu. São vários fatores que contribuem para essa diminuição”, explicou Maria Silva Santos.

A secretária estadual da Mulher e dos Direitos Humanos, Maria Silva, destacou que a atuação do poder público para atender as demandas dessas mulheres considera aspectos como dignidade, segurança, educação e saúde.

Casa da Mulher Brasileira e Prevenção aos Feminicídios

Durante sua visita a Alagoas, a ministra Cida Gonçalves assinou um contrato de repasse de R$ 19 milhões com o governo estadual para a construção da Casa da Mulher Brasileira (CMB) de Maceió. O espaço oferecerá acolhimento, apoio psicossocial, delegacia especializada, juizado, Defensoria Pública e ações para promoção da autonomia econômica das mulheres, além de estrutura para cuidado infantil e alojamento temporário.

O governador Paulo Dantas também aderiu ao Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios (PNPF), lançado em 2024. A ministra reforçou a importância de unir esforços para combater a violência de gênero e fortalecer políticas públicas que garantam a segurança e os direitos das mulheres.

“A Casa da Mulher Brasileira será um verdadeiro refúgio para que essas mulheres possam reconstruir suas vidas com dignidade e apoio necessário”, afirmou a secretária Maria Silva.



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