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Opinião
21/02/2025 18:00:00

Análise: Ucrânia entre a Guerra e a Desonra

Análise: Ucrânia entre a Guerra e a Desonra
  • Vitelio Brustolin PhD em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento
  • CNN Brasil

O Perigo da História se Repetir

“Você teve escolha entre a guerra e a desonra. Você escolheu a desonra e terá guerra.” A frase de Winston Churchill, dita após o Pacto de Munique em 1938, ecoa como um aviso para o presente. Na época, o Reino Unido e a França cederam às exigências de Hitler, entregando os Sudetos da Tchecoslováquia. O resultado foi desastroso: meses depois, Hitler invadiu o restante do país e deu início à Segunda Guerra Mundial.

A história mostra que concessões a regimes expansionistas costumam resultar em mais conflitos, e a situação na Ucrânia levanta questões semelhantes.

O Interesse Russo na Ucrânia: Uma Longa Disputa

A Rússia sempre teve grande influência na Ucrânia, mas o cenário mudou após 2014. O então presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, pró-Rússia, recuou de um acordo com a União Europeia, optando por estreitar laços com Moscou. Isso gerou protestos massivos no país, conhecidos como Euromaidan, culminando na sua destituição.

A resposta de Putin veio com a anexação da Crimeia e o apoio a separatistas no Donbas, o que resultou em uma guerra civil na região. Desde então, a Ucrânia reforçou sua intenção de se integrar à União Europeia e à Otan, alterando sua Constituição para consolidar esse objetivo.

A Expansão da Otan e a Resposta de Putin

A guerra iniciada em 2022 por Putin foi justificada, entre outros argumentos, pela necessidade de impedir a expansão da Otan. O efeito, no entanto, foi o oposto: Finlândia e Suécia, historicamente neutras, se juntaram à aliança, ampliando ainda mais a presença ocidental na região.

Ao longo do tempo, Putin demonstrou que não reconhece a Ucrânia como um país soberano, conforme publicou em um ensaio de 2021. Isso reforça a ideia de que qualquer negociação sem garantias de segurança pode apenas adiar um novo conflito.

O Papel dos Aliados e o Futuro da Guerra

Desde o início da invasão, os Estados Unidos e a União Europeia destinaram bilhões de dólares para ajudar a Ucrânia. No entanto, a possível redução desse apoio, especialmente se Donald Trump retornar ao poder, levanta dúvidas sobre a capacidade do país de continuar resistindo.

Na Europa, o aumento dos investimentos militares reflete o temor de que a Rússia não pare na Ucrânia. Países como Polônia e os Estados bálticos reforçaram suas defesas, enquanto a União Europeia discute a ampliação dos gastos com segurança.

O Destino da Ucrânia e o Desafio da Europa

O exemplo da Finlândia, que resistiu à União Soviética e se tornou uma das nações militarmente mais preparadas da Europa, pode indicar um caminho para a Ucrânia. No entanto, para isso, o país precisa continuar recebendo apoio externo.

A decisão entre guerra e desonra, mencionada por Churchill, volta a assombrar a Europa. Ceder às exigências de Putin pode ter consequências devastadoras, não apenas para a Ucrânia, mas para a estabilidade do continente.



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