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Saúde
17/02/2025 10:21:00

As Bactérias na Boca que Podem Dar Pistas sobre a Saúde do Cérebro

As Bactérias na Boca que Podem Dar Pistas sobre a Saúde do Cérebro

Pesquisadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido, descobriram que certas bactérias presentes na boca podem estar ligadas a mudanças na função cerebral conforme as pessoas envelhecem. O estudo, ainda em estágios iniciais, sugere que alguns tipos de bactérias estão associados a melhor memória e atenção, enquanto outros podem estar relacionados a problemas de saúde cerebral, como a doença de Alzheimer.

Joanna L'Heureux, autora principal do estudo, afirma que é possível prever o risco de Alzheimer antes mesmo de os sintomas aparecerem. "Podemos prever se você tem o gene do Alzheimer antes mesmo de começar a ter problemas ou pensar em ir ao médico para um diagnóstico", diz ela. A pesquisa também está investigando se o consumo de alimentos saudáveis, como folhas verdes ricas em nitrato, pode influenciar a saúde do cérebro ao estimular certas bactérias.

Implicações do Estudo

Anne Corbett, co-autora do estudo, destaca que os resultados têm implicações profundas. "Se certas bactérias apoiam a função cerebral enquanto outras contribuem para o declínio, então tratamentos que alteram o equilíbrio de bactérias na boca podem ser parte de uma solução para prevenir a demência", explica. Isso poderia ser feito por meio de mudanças na dieta, uso de probióticos, melhorias na higiene oral ou até mesmo tratamentos direcionados.

Metodologia da Pesquisa

O estudo contou com 115 voluntários com mais de 50 anos, que já haviam realizado testes cognitivos como parte de outro projeto. Os participantes foram divididos em dois grupos: um com pessoas sem problemas de declínio da função cerebral e outro com pacientes que apresentavam problemas cognitivos leves. Amostras de saliva foram coletadas e analisadas para identificar as populações de bactérias presentes.

Resultados Encontrados

Os pesquisadores descobriram que pessoas com grandes quantidades das bactérias Neisseria e Haemophilus tinham melhor memória, atenção e capacidade de realizar tarefas complexas. Por outro lado, aqueles com níveis mais altos da bactéria Porphyromonas apresentavam problemas de memória. Já o grupo bacteriano Prevotella estava associado a baixos níveis de nitrito, mais comum em pessoas que carregavam o gene de risco para a doença de Alzheimer.

Limitações e Próximos Passos

Embora o estudo mostre uma correlação entre as bactérias e as doenças, ele não é capaz de provar causalidade, ou seja, que uma coisa causou a outra. Para isso, são necessárias mais pesquisas. No entanto, as descobertas abrem caminho para futuras aplicações no diagnóstico precoce de doenças cognitivas.

Anni Vanhatalo, pró-reitora associada de pesquisa e impacto na universidade, acredita que, no futuro, as amostras da boca poderiam ser coletadas durante consultas médicas para indicar o risco de doenças da memória. "No futuro, poderíamos coletar essas amostras como parte das consultas médicas e processá-las para dar uma indicação precoce se alguém tem risco elevado de doenças da memória", afirma.

Conclusão

O estudo sugere que a saúde bucal pode estar mais conectada à saúde cerebral do que se imaginava. Embora sejam necessárias mais pesquisas para confirmar as descobertas, a possibilidade de usar bactérias da boca como indicadores de risco para doenças como o Alzheimer representa um avanço promissor na medicina preventiva.



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