O nome de Vladimir Putin está em alta antes das negociações entre EUA e Rússia, que devem ocorrer na terça-feira (18) na Arábia Saudita, sobre o fim da guerra na Ucrânia. A administração de Donald Trump parece estar sinalizando uma mudança impressionante em direção a Putin, afastando-se dos aliados tradicionais dos EUA na Europa.
A política externa de Trump tem levantado preocupações entre os aliados ocidentais, especialmente após declarações conflitantes de seus assessores, que sugerem que o presidente americano pode aceitar qualquer acordo com Putin — mesmo que seja desfavorável para a Ucrânia e para a segurança europeia.
Sugestões de que o governo americano excluirá aliados europeus das negociações de paz na Ucrânia dispararam alarmes nas capitais do continente. A França convocou líderes para uma reunião de emergência em Paris nesta segunda-feira (17), enquanto o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou que não aceitaria nenhuma decisão entre os EUA e a Rússia sobre o futuro de seu país.
Trump, no entanto, garantiu que a Ucrânia estaria "envolvida" nas negociações, embora tenha levantado a possibilidade de uma reunião com Putin "muito em breve". O presidente americano afirmou: "Estamos avançando. Estamos tentando fazer a paz com a Rússia, Ucrânia, e estamos trabalhando muito duro nisso."
O secretário de Estado Marco Rubio, o conselheiro de segurança nacional Mike Waltz e o enviado para o Oriente Médio Steve Witkoff chefiarão a delegação dos EUA nas negociações organizadas pela Arábia Saudita. Rubio classificou o encontro como um acompanhamento do telefonema entre Trump e Putin na semana passada, mas ressaltou que "um telefonema não faz a paz e não resolve uma guerra tão complexa quanto essa".
Rubio também destacou que a Ucrânia e os países europeus precisarão estar envolvidos em qualquer negociação séria, uma vez que são partes diretamente afetadas pelo conflito e pelas sanções impostas à Rússia.
As declarações confusas da administração Trump alimentaram temores de que o presidente americano possa concordar com um acordo que valide a invasão russa da Ucrânia. Enquanto a maioria dos analistas reconhece que a Ucrânia dificilmente recuperará todas as terras ocupadas pela Rússia, a postura de Trump tem sido criticada por enfraquecer a posição ucraniana e a unidade ocidental.
O secretário de Defesa Pete Hegseth afirmou que um acordo de paz não incluiria um caminho para a adesão da Ucrânia à OTAN e que nenhuma tropa americana de manutenção da paz estaria envolvida. Essas declarações, embora posteriormente diluídas, aumentaram as preocupações sobre os rumos das negociações.
As divisões que Trump abriu dentro da OTAN estão cumprindo uma das metas de política externa mais importantes da Rússia. Alexander Gabuev, diretor do Carnegie Russia Eurasia Center, comparou a situação atual a um "feriado" para Putin, destacando que o líder russo vê uma oportunidade de consolidar seus ganhos territoriais e reabilitar sua imagem internacional.
Enquanto isso, a Europa se vê em uma posição delicada, tentando equilibrar sua segurança com a necessidade de manter a unidade ocidental diante das incertezas trazidas pela política externa de Trump.
As negociações entre EUA e Rússia na Arábia Saudita podem definir o rumo do conflito na Ucrânia e o futuro da segurança europeia. No entanto, a postura de Trump e suas concessões a Putin têm gerado preocupações sobre a possibilidade de um acordo que beneficie a Rússia em detrimento da Ucrânia e de seus aliados ocidentais. Enquanto isso, a Europa se prepara para enfrentar os desafios de uma nova ordem geopolítica, onde a unidade ocidental pode estar em jogo.