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17/02/2025 16:14:00

Seca dos rios brasileiros: um problema com raízes na agricultura intensiva

Seca dos rios brasileiros: um problema com raízes na agricultura intensiva

Um estudo recente, publicado na revista Nature Communications, revela que mais da metade dos rios brasileiros está secando, com graves consequências para o meio ambiente e para a sociedade. A principal causa desse problema é a perfuração de poços e o uso excessivo de águas subterrâneas, especialmente para a irrigação na agricultura intensiva.

A pesquisa da USP e seus resultados

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com colegas americanos, analisaram dados de 17.972 poços em todo o Brasil e constataram que 55% deles estão abaixo do nível dos rios próximos. Isso significa que a água dos rios está sendo drenada para o subsolo, diminuindo seu fluxo e, em alguns casos, levando à sua completa seca.

O estudo aponta que o problema é mais crítico em regiões de clima seco e com intensa atividade agropecuária, como o Matopiba, área de expansão agrícola que engloba parte dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Nessas regiões, o uso excessivo de água subterrânea para irrigação tem contribuído significativamente para a redução do fluxo dos rios.

Impactos da seca dos rios

A seca dos rios tem impactos negativos em diversas áreas:

  • Meio ambiente: A perda de água dos rios afeta a fauna e a flora aquática, além de prejudicar a recarga de aquíferos e a manutenção de ecossistemas importantes.
  • Agricultura: A falta de água nos rios dificulta a irrigação de lavouras, especialmente para pequenos agricultores, que dependem desses recursos para sua subsistência.
  • Abastecimento humano: A seca dos rios pode comprometer o abastecimento de água para consumo humano, especialmente em regiões onde a disponibilidade hídrica já é limitada.
  • Economia: A redução da produção agrícola e a dificuldade de acesso à água podem gerar prejuízos econômicos para produtores e para a sociedade em geral.

O caso do oeste da Bahia

A situação no oeste da Bahia é um exemplo emblemático do problema da seca dos rios. Na região, o avanço do agronegócio, com o uso intensivo de pivôs centrais para irrigação, tem contribuído para a redução do fluxo de rios importantes, como o Arrojado, afluente do Corrente.

Pequenos agricultores da região têm sofrido com a falta de água para suas plantações e para o consumo humano. A construção de cisternas para captar água da chuva tem sido uma alternativa para mitigar os efeitos da seca, mas não resolve o problema de forma definitiva.

A necessidade de ações urgentes

Diante desse cenário preocupante, é fundamental que sejam tomadas medidas urgentes para combater a seca dos rios brasileiros. Entre as ações necessárias, destacam-se:

  • Regulamentação do uso de água: É preciso estabelecer critérios mais rigorosos para a perfuração de poços e o uso de água subterrânea, evitando o consumo excessivo e a drenagem dos rios.
  • Incentivo à agricultura sustentável: É importante promover práticas agrícolas que reduzam o consumo de água, como a irrigação eficiente e o uso de técnicas de conservação do solo.
  • Monitoramento dos recursos hídricos: É fundamental realizar um monitoramento constante da quantidade e da qualidade da água dos rios, para identificar e prevenir problemas de seca.
  • Educação ambiental: É necessário conscientizar a população sobre a importância da preservação dos recursos hídricos e os impactos negativos da seca dos rios.

A seca dos rios brasileiros é um problema complexo, com causas multifacetadas e consequências graves para o meio ambiente e para a sociedade. Enfrentar esse desafio requer um esforço conjunto de governos, produtores, pesquisadores e da população em geral, para garantir o uso sustentável da água e a preservação dos rios para as futuras gerações.



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