O Taleban, que reassumiu o poder no Afeganistão em 2021, enfrenta uma série de desafios internos e externos que ameaçam a sua estabilidade e o futuro do país. Disputas internas, crise de legitimidade, ameaça terrorista e dificuldades econômicas são alguns dos problemas que o grupo precisa lidar para se manter no poder.
As tensões dentro do Taleban atingiram um novo patamar, expondo divisões entre facções rivais que podem desestabilizar ainda mais o Afeganistão. A morte do ministro Khalil Haqqani em um atentado suicida em dezembro acirrou rivalidades e levantou suspeitas de que a própria liderança do grupo ordenou o ataque.
A recente fuga de Sher Abbas Stanikzai, vice-ministro das Relações Exteriores, após críticas públicas ao líder supremo Mullah Haibatullah Akhundzada, evidencia uma crise de autoridade. Stanikzai questionou a proibição da educação feminina, uma das medidas mais impopulares do regime, e deixou o país após ter sua prisão e proibição de saída ordenadas por Akhundzada.
A insatisfação também é crescente entre membros do Taleban, que reclamam de atrasos no pagamento de salários. Integrantes do grupo descrevem o cenário como "caótico" e "incerto", apesar da liderança negar qualquer crise interna.
Além das disputas internas, o Taleban enfrenta desafios externos, como a ameaça do grupo extremista Estado Islâmico-Khorasan (EI-K). O grupo reivindicou um atentado suicida em um banco no norte do país em fevereiro, que deixou mortos e feridos.
A fragilidade econômica do regime agrava ainda mais o cenário. O bloqueio de fundos internacionais desde a retomada do poder tem estrangulado as finanças do país. A moeda afegã perdeu valor, gerando aumentos de preços e aprofundando a crise humanitária. O país segue sem reconhecimento formal de nenhuma grande potência, o que impede a chegada de investimentos e ajuda externa substancial.
A coesão do Taleban sempre foi um pilar da sua força, mas as disputas recentes indicam que essa unidade está enfraquecendo. A incapacidade de resolver as divisões pode levar o Afeganistão a uma nova espiral de conflitos entre facções islamistas. Se as tensões não forem controladas, o país pode enfrentar mais um ciclo de guerra civil, comprometendo ainda mais sua estabilidade e segurança.
É importante ressaltar que a situação no Afeganistão é complexa e dinâmica, com novos desenvolvimentos ocorrendo constantemente. A comunidade internacional acompanha de perto os acontecimentos no país, buscando formas de ajudar a população afegã e evitar uma nova escalada de violência.