A revista IstoÉ, um dos ícones do jornalismo brasileiro, encerrou suas atividades na versão impressa, marcando o fim de uma era no mercado editorial do país. A notícia, que passou quase despercebida, reflete a crise enfrentada por veículos tradicionais diante da ascensão das mídias digitais. Apesar de a editora afirmar que a publicação continuará na internet, o fim da versão física simboliza o desfecho de uma longa agonia para a revista, que completaria 50 anos de circulação em 2026.
História e importância da IstoÉ
Fundada em 1976, a IstoÉ surgiu como uma concorrente direta da Veja, sob a direção de Mino Carta, então recém-saído da revista líder do mercado. Durante décadas, a IstoÉ se consolidou como uma das principais publicações semanais do Brasil, conhecida por suas reportagens investigativas e por influenciar o debate político e social do país. Um dos momentos mais emblemáticos foi a edição de 1992 que trouxe o depoimento de Eriberto França, motorista do então presidente Fernando Collor, detalhando pagamentos de despesas da família presidencial. A reportagem foi crucial para o desfecho do processo de impeachment que levou Collor à renúncia.
Declínio e crise
Apesar de seu histórico de relevância, a IstoÉ enfrentou dificuldades para se adaptar à revolução digital. A migração dos leitores para plataformas online e a queda vertiginosa nas vendas em bancas e assinaturas tornaram o modelo de negócios insustentável. A Editora Três, responsável pela publicação, administrou crises financeiras sucessivas, sem conseguir reverter o declínio. A versão impressa da IstoÉ Dinheiro, outra publicação do grupo, também foi encerrada.
Contexto do jornalismo impresso
O fim da IstoÉ se soma a uma série de perdas no jornalismo impresso brasileiro. Em 2010, o Jornal do Brasil deixou de circular em papel, e outras publicações, como a Época (do Grupo Globo), também encerraram suas edições físicas. A resistência dos grandes grupos de comunicação em abraçar plenamente a transformação digital é apontada como um dos principais fatores para o declínio. Enquanto isso, veículos independentes e plataformas online ganharam espaço, redefinindo o consumo de notícias.
O futuro da IstoÉ
Apesar do fim da versão impressa, a IstoÉ promete continuar ativa no ambiente digital. No entanto, a transição para o online não garante a sobrevivência de um veículo que, por décadas, dependeu do modelo tradicional. A concorrência com portais de notícias, blogs e redes sociais exige uma reinvenção completa, tanto em termos de conteúdo quanto de estratégia de negócios.
Reflexão sobre o jornalismo
O fim da IstoÉ impressa é um marco simbólico para o jornalismo brasileiro, destacando a necessidade de adaptação diante das mudanças tecnológicas e de comportamento do público. A perda de veículos tradicionais levanta questões sobre o futuro da imprensa e a preservação de um jornalismo de qualidade em um cenário cada vez mais fragmentado e dominado por algoritmos.
Enquanto a IstoÉ tenta se reinventar no mundo digital, seu legado permanece como um testemunho da importância do jornalismo investigativo e do papel da imprensa na democracia. A morte da revista impressa é um alerta para o setor: a sobrevivência depende da capacidade de inovar e se conectar com as novas gerações de leitores.