Especialistas em direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) condenaram veementemente as autoridades iranianas após a confirmação da morte de Jamshid Sharmahd, um jornalista e ativista que foi vítima de detenção arbitrária. Em nota publicada em Genebra, os peritos classificaram como "terrível" a morte de Sharmahd, destacando que ele foi submetido a sequestro e violações de direitos fundamentais, incluindo o direito a um julgamento justo.
Detenção e morte sob custódia
Jamshid Sharmahd, de 69 anos, era um cidadão alemão-iraniano que foi detido em 2020 sem mandado pelas autoridades iranianas enquanto estava em trânsito pelos Emirados Árabes Unidos. Ele foi submetido a uma "rendição extraordinária", sendo preso e levado para o Irã, onde foi acusado de crimes contra o governo de Teerã. Em um vídeo divulgado após sua detenção, Sharmahd apareceu vendado e confessando os crimes que lhe foram imputados.
Em 2023, a Suprema Corte do Irã confirmou a sentença de morte por "corrupção na Terra", uma acusação frequentemente usada contra opositores do regime. No entanto, em novembro de 2024, as autoridades iranianas anunciaram que Sharmahd havia morrido antes de sua execução ser realizada. O corpo foi devolvido à Alemanha na sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025.
Condenação da ONU
Os peritos da ONU afirmaram que a morte de Sharmahd sob custódia e o atraso na devolução de seu corpo à família violaram seus direitos humanos. Eles também pediram ao Irã que "interrompa todas as execuções judiciais" e respeite os padrões internacionais de direitos humanos.
Em 2022, o Grupo de Trabalho da ONU sobre Detenção Arbitrária já havia emitido um parecer declarando que a detenção de Sharmahd foi "arbitrária e desprovida de qualquer base legal". O grupo reiterou que ele foi privado de um julgamento justo e de garantias processuais básicas.
Contexto e repercussões
A morte de Jamshid Sharmahd ocorre em um contexto de crescente repressão a dissidentes e críticos do regime iraniano. O caso chamou a atenção internacional devido ao envolvimento de um cidadão alemão e às circunstâncias questionáveis de sua detenção e morte.
A Alemanha, país que concedeu cidadania a Sharmahd, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas a devolução do corpo sugere um diálogo entre os dois países. A comunidade internacional, no entanto, continua a pressionar o Irã por transparência e responsabilização em casos de violações de direitos humanos.
A morte de Sharmahd reforça as preocupações sobre o tratamento dado a presos políticos e ativistas no Irã, destacando a necessidade de maior pressão global para garantir o respeito aos direitos humanos no país.