Uma pesquisa realizada na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Presidente Prudente, revelou que oito sessões de estimulação elétrica transcraniana (tDCS) podem melhorar a resposta postural em pessoas com doença de Parkinson, reduzindo o risco de quedas. O estudo foi publicado na revista Gait & Posture e demonstrou que os benefícios se mantiveram até um mês após o tratamento.
A técnica consiste em aplicar uma corrente elétrica de baixa intensidade no cérebro para modular sua atividade. Já utilizada em casos de depressão e recuperação neurológica, como após um acidente vascular cerebral (AVC), a tDCS ainda não possui um protocolo clínico definido para o Parkinson.
O coordenador do estudo, Victor Beretta, explica que a técnica favorece a automaticidade do controle postural, algo essencial para pacientes que perdem a capacidade de realizar atividades automáticas, como caminhar ou reagir a desequilíbrios.
A pesquisa envolveu 22 voluntários diagnosticados com Parkinson. A estimulação foi aplicada sobre o córtex motor primário, área responsável pelo controle do movimento e da postura. Os participantes passaram por testes em uma plataforma móvel, que simulava desequilíbrios do cotidiano.
Os resultados indicaram que a estimulação elétrica reduziu o tempo de resposta muscular e a atividade do córtex pré-frontal, facilitando reações automáticas ao desequilíbrio. Isso sugere que a técnica pode ser um tratamento complementar para melhorar a estabilidade postural dos pacientes.
Ainda não há cura para o Parkinson, e os tratamentos atuais focam em minimizar a deficiência de dopamina, neurotransmissor que deixa de ser produzido pelos neurônios da pessoa com a doença. A instabilidade postural é um dos sintomas que mais impactam a qualidade de vida, tornando a descoberta relevante para novos tratamentos.
O estudo abre caminho para futuras pesquisas que possam consolidar a estimulação elétrica transcraniana como um método eficaz para ajudar pacientes com Parkinson a manter a mobilidade e reduzir o risco de quedas.