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Meio Ambiente
09/02/2025 16:00:00

Apenas dez países entregaram metas climáticas antes do prazo final do Acordo de Paris

Apenas dez países entregaram metas climáticas antes do prazo final do Acordo de Paris

A nove meses da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, o prazo para a entrega da terceira geração de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) se encerra na próxima segunda-feira (10). No entanto, até o momento, apenas dez dos 197 países que fazem parte do Acordo de Paris atualizaram suas metas para a redução de gases do efeito estufa.

Redução necessária para conter o aquecimento global

O Acordo de Paris, que completa dez anos em 2025, é o principal tratado internacional voltado para a limitação do aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), para que essa meta seja cumprida, será necessário reduzir as emissões globais em 57% até 2035.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, reforçou em janeiro a importância de ações mais ambiciosas, defendendo cortes de 60% até 2035 e medidas concretas para reduzir a produção e o consumo de combustíveis fósseis. Ele destacou ainda a colaboração da ONU com o presidente Lula, anfitrião da COP30, na busca por soluções climáticas eficazes.

Brasil foi o segundo país a apresentar metas atualizadas

O Brasil, que responde atualmente por 2,45% das emissões globais, foi um dos primeiros países a entregar sua nova NDC, logo após os Emirados Árabes Unidos. O compromisso brasileiro estabelece um corte entre 59% e 67% das emissões até 2035, em comparação com os níveis de 2005, reduzindo as emissões líquidas anuais para entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de CO2e.

Já os Emirados Árabes Unidos, que representam 0,51% das emissões globais, apresentaram uma meta menos ambiciosa, com um corte de 47% até 2035, tomando 2019 como ano-base.

Os Estados Unidos, segundo maior emissor mundial, também apresentaram sua NDC em 2024, antes mesmo de anunciar sua saída do Acordo de Paris. O país, responsável por 11,25% das emissões globais, estabeleceu uma redução entre 61% e 66% até 2035, com base nas emissões de 2005.

Outros países que já entregaram suas NDCs

O Uruguai, que responde por apenas 0,08% das emissões globais, finalizou sua atualização ainda em 2024, estabelecendo limites absolutos de emissões para dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). Além disso, propôs uma redução de 30% no consumo de hidrofluorcarbonetos, gases sintéticos usados em sistemas de refrigeração e aerossóis.

Nos primeiros meses de 2025, mais seis países apresentaram suas metas: Suíça, Reino Unido, Nova Zelândia, Andorra, Equador e Santa Lúcia. Juntos, esses países respondem por apenas 1,1% das emissões globais.

A Suíça, com 0,08% das emissões mundiais, comprometeu-se a reduzir 65% das emissões até 2035, tomando 1990 como referência. O Reino Unido, maior emissor entre esse grupo, foi ainda mais longe, assumindo uma meta de redução de 81% para o mesmo período.

A Nova Zelândia, que responde por 0,16% das emissões, estabeleceu uma redução entre 51% e 55%, com base nas emissões de 2005. Já Andorra, um país com emissões mínimas, pretende reduzir 63% até 2035, diminuindo suas emissões anuais para 137 mil toneladas de CO2e.

Santa Lúcia, assim como Andorra, tem uma participação quase insignificante nas emissões globais, mas ampliou sua meta para 22% até 2035, podendo chegar a 32% caso obtenha financiamento internacional. O país também busca aumentar sua capacidade de remoção de CO2 da atmosfera, atingindo 251 mil toneladas anuais.

Por fim, o Equador, que representa 0,14% das emissões mundiais, apresentou uma meta inicial de redução de 7% até 2035, podendo chegar a 8% caso tenha recursos adicionais.

Compromisso de neutralidade de carbono até 2050

Os dez países que já entregaram suas NDCs reafirmaram o compromisso com a neutralidade de carbono até 2050, ou seja, equilibrar as emissões e a remoção de gases do efeito estufa da atmosfera. Esse objetivo pode ser alcançado por meio de estratégias como reflorestamento, investimentos em energia limpa e ampliação do mercado de carbono.

Com o prazo final se aproximando, a expectativa é que mais países apresentem suas metas nos próximos dias, demonstrando compromisso com a luta contra as mudanças climáticas e a COP30, que será um dos momentos decisivos para a governança global sobre o clima.



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