A ONU mantém um grande contingente de forças de estabilização e iniciativas humanitárias na República Democrática do Congo (RD Congo), diante da escalada da violência desde janeiro. A crise atinge especialmente a região leste, rica em recursos naturais, e envolve confrontos entre as forças do governo congolês e o grupo armado M23, apoiado por Ruanda.
As Nações Unidas prestam assistência humanitária na RD Congo desde 1960, oferecendo apoio na educação, vacinação, fornecimento de alimentos e abrigo para deslocados pela violência. Atualmente, cerca de 21 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária no país.
Com a intensificação dos combates, mais de 700 mil pessoas estão se deslocando nas províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul, enquanto o Escritório da ONU de Assistência Humanitária (Ocha) coordena a entrega de suprimentos básicos. O Programa Mundial de Alimentos (WFP) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) também atuam na distribuição de mantimentos e assistência médica.
A Agência da ONU para Refugiados (Acnur) oferece suporte às populações deslocadas, enquanto a Organização Internacional para Migrações (OIM) auxilia na construção de abrigos e na distribuição de água e kits de higiene.
A violência e os deslocamentos forçados aumentam os riscos de surtos de doenças na RD Congo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para a disseminação da cólera e da varíola M, além da sobrecarga nos hospitais devido ao alto número de feridos.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) distribui kits médicos de emergência para hospitais em Goma, enquanto o Programa de População da ONU (Unfpa) apoia clínicas móveis para atendimento a mulheres e crianças em áreas de risco. A interrupção nos serviços de saúde também tem elevado a taxa de mortalidade materna.
A Missão da ONU na RD Congo (Monusco) tem um mandato do Conselho de Segurança para auxiliar o governo congolês na proteção de civis e estabilização do país. No entanto, a crise se agravou com a morte de quase 20 integrantes das forças de paz e da missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (Sadc) em confrontos recentes com o M23.
A Monusco reforçou sua colaboração com as Forças Armadas congolesas (Fardc) e tem participado de operações conjuntas para conter o avanço do grupo rebelde. O Conselho de Segurança da ONU renovou o mandato da missão em dezembro de 2024, a pedido do governo congolês.
Os confrontos no leste do país remontam ao genocídio de 1994 contra os tutsis em Ruanda, mas a crise também está ligada à exploração ilegal de recursos minerais na região. Relatórios da ONU apontam que minerais como coltan, estanho, tântalo e tungstênio são extraídos e vendidos para financiar grupos armados, intensificando os conflitos e a instabilidade na RD Congo.