A cidade de Goma, no leste da República Democrática do Congo, permanece sob controle do grupo rebelde M23 e das Forças de Defesa de Ruanda, segundo Vivian van de Perre, vice-representante especial da Missão da ONU no país, Monusco. A situação é descrita como altamente volátil, com risco iminente de escalada dos conflitos. Todas as saídas da cidade e o aeroporto estão sob controle dos rebeldes, dificultando operações humanitárias.
Missão da ONU Abriga 2 Mil Deslocados
As bases da Monusco estão sobrecarregadas, abrigando cerca de 2 mil deslocados, mas sem estrutura adequada para atender a demanda crescente por recursos essenciais, como água e alimentos. Tropas da missão podem se movimentar apenas para reabastecimento e precisam avisar com 48 horas de antecedência para qualquer deslocamento, estando impedidas de realizar patrulhas na cidade.
Relatos indicam que mais de 2 mil corpos foram encontrados nas ruas de Goma, enquanto outros 900 permanecem em necrotérios hospitalares. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a decomposição de cadáveres em várias áreas aumenta o risco de surtos epidêmicos.
Crise Ameaça Todo o País e Região
A instabilidade em Goma já se estende para outras áreas, colocando toda a República Democrática do Congo em risco. No Kivu do Sul, os conflitos se intensificam, com o avanço do M23 a apenas 15 km da capital provincial, Bukavu. O aeroporto de Kavumu, vital para transporte de civis e ajuda humanitária, corre o risco de ser fechado.
Além disso, a crise humanitária se agrava com o impacto da suspensão de financiamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), afetando atividades da Organização Internacional para Migrações (OIM) e outros parceiros humanitários.
Apelo por Diálogo e Solução Política
Van de Perre enfatizou que ações militares não resolverão o conflito e defendeu um compromisso político entre as partes envolvidas, com base no Processo de Paz de Luanda. Entre os fatores que perpetuam a violência na região estão a disputa por recursos naturais, como o coltan usado na fabricação de celulares, conflitos étnicos, pobreza extrema e tensões remanescentes do genocídio de 1994 em Ruanda.
A vice-representante da Monusco concluiu reforçando o compromisso da ONU em proteger os civis e o pessoal humanitário, apesar da crescente deterioração da segurança na região.