Aumento da Violência Contra a Mulher em Alagoas: Ligue 180 Registra Crescimento de 5% nos Atendimentos

A Central de Atendimento à Mulher — Ligue 180, principal ferramenta de enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil, registrou um aumento de 5% nos atendimentos em Alagoas no ano de 2024. No total, foram 10.633 registros no estado, comparados aos 10.127 atendimentos do ano anterior. Além disso, o número de denúncias cresceu 15,4%, subindo de 1.494 em 2023 para 1.725 em 2024. Desses casos, 1.583 foram relatados por telefone e 112 por WhatsApp.

A maior parte das denúncias (1.048) foi feita pela própria vítima, enquanto 647 partiram de terceiros. A residência da vítima continua sendo o principal cenário da violência, concentrando 720 denúncias, seguida pela casa compartilhada com o agressor, com 534 casos.

O perfil das vítimas aponta que mulheres entre 25 e 29 anos (323 registros) são as mais afetadas. Mulheres pretas ou pardas representam a maioria dos casos (1.108), e os principais agressores são cônjuges e ex-parceiros (462).

Para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, o aumento dos registros demonstra maior confiança das vítimas no serviço do Ligue 180, que tem recebido melhorias desde a reestruturação do Programa Mulher Viver sem Violência, prevista no Decreto nº 11.431/2023. Segundo ela, a capacitação de atendentes e a ampliação das campanhas de divulgação ajudaram a fortalecer o canal.

Como denunciar

O Ligue 180 é um serviço gratuito disponível em todo o Brasil, funcionando 24 horas por dia, todos os dias da semana. As denúncias podem ser feitas pelo telefone 180 ou pelo WhatsApp, no número (61) 9610-0180. Em casos de emergência, a orientação é acionar a Polícia Militar pelo telefone 190.

Crescimento Nacional dos Atendimentos

Em todo o país, o Ligue 180 atendeu 691.444 ligações em 2024, um aumento de 21,6% em relação ao ano anterior. O número de atendimentos via WhatsApp cresceu 63,4%, passando de 6.689 em 2023 para 14.572 em 2024.

No total, foram realizados 750.687 atendimentos no ano passado, uma média de 2.051 por dia. As denúncias também aumentaram, subindo de 114.626 em 2023 para 132.084 em 2024. Desses registros, 38.470 foram feitos pelas próprias vítimas e 86.105 de forma anônima.

Perfil das Vítimas e Tipos de Violência

Entre as vítimas, as mulheres negras são as mais afetadas, representando 52,8% dos casos. As faixas etárias com maior incidência são de 40 a 44 anos (18.583 denúncias), seguidas por mulheres entre 35 e 39 anos (17.572) e 30 a 34 anos (17.382).

Os tipos de violência mais denunciados foram: psicológica (101.007 registros), física (78.651), patrimonial (19.095), sexual (10.203), moral (9.180) e cárcere privado (3.027). Em muitos casos, uma única denúncia abrange mais de um tipo de violência.

Contexto das Agressões

Os dados de 2024 mostram que a maioria dos casos envolve suspeitos com laços íntimos ou familiares com a vítima. Os agressores mais frequentes são os companheiros atuais (17.915 denúncias) e ex-companheiros (17.083).

O ambiente doméstico é o local mais recorrente das agressões, com 53.019 registros na residência da vítima, 43.097 na casa compartilhada com o suspeito e 7.006 na casa do agressor. O ambiente virtual também tem sido palco de violência, com 6.920 denúncias relacionadas à internet.

O tempo de exposição à violência varia, com 32.591 denúncias indicando abusos que duram mais de um ano, e 18.798 casos relatando agressões iniciadas há um mês. Cerca de 46,4% das vítimas enfrentam violência diariamente, enquanto 23.431 denúncias apontam episódios ocasionais e 10.945 agressões semanais.

Novas Medidas para Fortalecer o Atendimento

Em agosto de 2024, a Central do Ligue 180 passou por uma reestruturação, tornando-se independente da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. O Ministério das Mulheres firmou um contrato de R$ 84,4 milhões para aprimorar o atendimento.

Além disso, acordos de cooperação técnica foram assinados com 10 estados e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) para melhorar o fluxo de encaminhamento das denúncias. Os estados participantes são Sergipe, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Piauí, Acre, Tocantins, Mato Grosso, Maranhão e Distrito Federal.

O Ligue 180 também passou a registrar informações detalhadas sobre os serviços especializados disponíveis na Rede de Atendimento à Mulher, que inclui mais de 2,6 mil centros de apoio no Brasil. Essas informações estão acessíveis ao público por meio do Painel Ligue 180, disponível no site do governo.

O serviço continua sendo uma ferramenta essencial no combate à violência de gênero, oferecendo acolhimento, informação e suporte para que as vítimas possam denunciar e buscar ajuda de maneira segura e eficiente.