Durante muito tempo, o preservativo foi a principal estratégia de prevenção ao HIV, o vírus causador da AIDS. No entanto, nos últimos anos, métodos mais modernos foram incorporados às políticas públicas de saúde, formando a chamada "mandala da prevenção". Essa abordagem inclui desde o uso de camisinha e o acesso ao diagnóstico até novas tecnologias, como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP).
Especialistas afirmam que essa evolução permite uma prevenção mais personalizada, adaptada à realidade de cada indivíduo. Porém, ao mesmo tempo, alertam que a complexidade do sistema pode dificultar a compreensão e a adesão por parte da população, tornando essenciais campanhas de educação e conscientização.
O antropólogo Richard Parker, presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), divide a prevenção do HIV em quatro fases.
Na década de 1980, com a negligência dos governos, as próprias comunidades mais afetadas, especialmente a população LGBTQIA+, começaram a disseminar informações sobre o uso de preservativos. Posteriormente, surgiram campanhas governamentais focadas no comportamento das pessoas, com mensagens que muitas vezes apelavam para o medo.
Nos anos 1990, uma nova abordagem começou a considerar as condições sociais que aumentavam o risco de infecção, como desigualdade econômica e discriminação. A partir de 2006, iniciou-se a era da prevenção biomédica, com a introdução de testes rápidos e medicamentos preventivos. Foi nesse contexto que surgiu a estratégia da "mandala da prevenção", combinando diversas metodologias para reduzir a transmissão do vírus.
No Brasil, a mandala da prevenção, adotada pelo Ministério da Saúde, reúne estratégias como:
Apesar dos avanços, especialistas apontam que o acesso às medidas preventivas ainda é desigual. Pessoas com maior poder aquisitivo e escolaridade são as que mais procuram métodos como a PrEP, enquanto populações mais vulneráveis continuam desassistidas. Além disso, a mandala é considerada complexa, exigindo um esforço educacional para que as pessoas compreendam e utilizem os diferentes métodos disponíveis.
O governo estuda soluções para facilitar o acesso à prevenção, como a instalação de máquinas dispensadoras de PrEP, PEP e autotestes de HIV em locais estratégicos, permitindo que as pessoas retirem os insumos após uma consulta online.
O avanço científico trouxe novas perspectivas, como a PrEP injetável, que elimina a necessidade de tomar comprimidos diariamente. Já disponível em alguns países, a injeção de cabotegravir, aplicada a cada dois meses, promete melhorar a adesão ao tratamento. Além disso, estudos sobre o lenacapavir, um medicamento de aplicação semestral, trazem esperanças de uma solução ainda mais prática para a prevenção do HIV.
Embora as novas tecnologias representem um avanço, especialistas alertam que a AIDS pode acabar se tornando uma doença negligenciada, como ocorreu com a tuberculose e a malária. Para evitar isso, é essencial que governos e organizações continuem investindo em políticas de prevenção e conscientização, garantindo que os avanços científicos cheguem a toda a população.