Os incêndios florestais que assolam Los Angeles podem se tornar o desastre natural mais caro da história dos Estados Unidos, com danos estimados em mais de 250 bilhões de dólares (cerca de R$ 1,5 trilhão). A destruição em Hollywood Hills, região conhecida por suas residências luxuosas e pela forte presença da indústria do entretenimento, agravou o impacto econômico da tragédia.
Até o momento, os incêndios deixaram pelo menos 24 mortos e causaram prejuízos de dezenas de bilhões de dólares, ameaçando marcos icônicos, como o letreiro de Hollywood, e reduzindo a cinzas edifícios históricos e estúdios de cinema. Segundo novas estimativas da Wells Fargo e Goldman Sachs, as perdas do setor de seguros podem atingir 30 bilhões de dólares (R$ 183 bilhões). Já a JPMorgan havia calculado um impacto inicial de 20 bilhões de dólares (R$ 122 bilhões), mas os valores podem subir conforme o fogo continua a se alastrar.
Se essas estimativas se confirmarem, os incêndios de Los Angeles ultrapassarão o Camp Fire de 2018, até então o incêndio florestal mais caro da história americana, cujas perdas seguradas chegaram a 13 bilhões de dólares (R$ 79 bilhões). Quatro dos cinco incêndios mais destrutivos dos EUA ocorreram nos últimos sete anos, o que reflete o agravamento das condições climáticas no país.
Os danos econômicos vão além dos prejuízos segurados e incluem perdas salariais, fechamento de empresas e interrupção na cadeia de suprimentos. O serviço privado de meteorologia dos EUA, AccuWeather, que calcula o impacto econômico de eventos climáticos, estima que o custo total do desastre possa superar 250 bilhões de dólares, valor que quase dobra as estimativas iniciais.
Jonathan Porter, meteorologista-chefe da AccuWeather, afirmou que os ventos com força de furacão intensificaram as chamas, destruindo milhares de propriedades multimilionárias e tornando esse incêndio um dos mais caros da história moderna dos EUA. Segundo as autoridades, cerca de 12 mil estruturas foram completamente destruídas, incluindo prédios, residências e infraestruturas críticas, o que eleva ainda mais os custos de reconstrução.
Se comparado a outros desastres naturais, apenas furacões causaram maiores impactos financeiros nos EUA. O furacão Katrina (2005) continua sendo o desastre natural mais caro, com perdas seguradas superiores a 100 bilhões de dólares (R$ 610 bilhões) e um custo total estimado de 200 bilhões de dólares (R$ 1,2 trilhão). Outros furacões devastadores, como Harvey (2017), Ian (2022), Maria (2017) e Sandy (2012), também figuram na lista dos mais destrutivos.
A magnitude dos incêndios deve intensificar a crise no setor de seguros de imóveis da Califórnia, que já enfrenta dificuldades devido à alta frequência de desastres naturais. Empresas como Chubb e Travelers, especializadas em cobrir propriedades de alto valor, esperam bilhões em perdas. Algumas seguradoras, como Allstate e State Farm, recentemente suspenderam a venda de novos seguros residenciais na Califórnia, alegando que os regulamentos estaduais impedem aumentos nas taxas, tornando inviável a cobertura de imóveis em áreas de alto risco.
Com isso, muitos proprietários dependem do Fair Plan, sistema público de seguros da Califórnia, que enfrenta uma possível exposição de 6 bilhões de dólares (R$ 36 bilhões) apenas na área de Pacific Palisades, uma das mais atingidas. Caso as perdas do Fair Plan ultrapassem sua capacidade, as seguradoras privadas poderão ser forçadas a cobrir parte das indenizações.
Analistas sugerem que a crescente frequência e intensidade dos incêndios florestais podem levar a uma revisão completa do sistema de seguros da Califórnia, principalmente à luz das mudanças climáticas, que tornam essas catástrofes mais comuns e destrutivas.