22/03/2025 07:14:08

Saúde
28/01/2025 05:00:00

Estudo Revela que Pacientes com TDAH Têm Expectativa de Vida Reduzida

Estudo Revela que Pacientes com TDAH Têm Expectativa de Vida Reduzida

Uma pesquisa da Universidade College London (UCL), no Reino Unido, revelou que adultos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) têm uma expectativa de vida reduzida em até 11 anos, especialmente entre mulheres. O estudo, publicado na revista The British Journal of Psychiatry, analisou dados de mais de 330 mil pessoas, sendo 30 mil diagnosticadas com TDAH, e encontrou diferenças significativas na mortalidade em comparação a indivíduos sem o transtorno.

Impacto da Falta de Tratamento

A pesquisa sugere que a redução na expectativa de vida não está diretamente ligada ao TDAH em si, mas à falta de suporte médico e psicológico. Apenas um terço dos pacientes no Reino Unido recebe tratamento adequado, como medicamentos ou acompanhamento profissional, enquanto muitos relatam dificuldades em acessar serviços de saúde mental.

Entre os diagnosticados, 8% afirmaram que buscaram ajuda sem sucesso, taxa muito superior à registrada entre indivíduos sem TDAH. Essa lacuna no atendimento pode agravar os problemas associados à condição, como transtornos de humor, ansiedade e até tendências suicidas.

Fatores de Risco e Consequências

O TDAH, caracterizado por sintomas como desatenção, hiperatividade e impulsividade, tem bases genéticas e neurobiológicas. Quando não tratado, pode impactar negativamente áreas essenciais da vida, como trabalho, estudos, relacionamentos e saúde mental, conforme explica o neurologista Mauro Muzkat, da Unifesp. “Isso gera baixa autoestima e pode desencadear transtornos como depressão e ansiedade, além de agravar condições preexistentes, como bipolaridade e borderline”, destaca.

A neurocientista Wanessa Moreira, da Unesp, reforça que a falta de tratamento pode levar a consequências extremas, como suicídio, em função da impulsividade e do excesso de substâncias químicas relacionadas ao estresse, como dopamina e cortisol.

Diferenças de Gênero

O estudo aponta que mulheres com TDAH têm uma redução maior na expectativa de vida, variando de 6,5 a 11 anos, enquanto para homens a redução é de 4,5 a 9 anos. Segundo os autores, isso pode estar relacionado a diferenças na forma como o transtorno é diagnosticado e tratado entre os gêneros.

Importância do Tratamento

Josh Stott, da UCL, destacou que, embora o TDAH possa trazer desafios, também há pontos fortes quando os pacientes recebem suporte adequado. “Com tratamento, eles podem prosperar. Mas a exclusão social e os eventos estressantes tornam-se fatores de risco significativos sem o suporte necessário.”

A pesquisa concluiu que o tratamento adequado está associado a melhores prognósticos, como menor incidência de problemas de saúde mental e uso de substâncias, condições frequentemente associadas ao TDAH. A neurocientista Liz O'Nions enfatizou a necessidade de mais estudos para compreender as razões da mortalidade precoce e desenvolver estratégias para preveni-la.

“É fundamental garantir acesso a suporte e tratamento para pacientes com TDAH. Isso pode transformar a vida deles, reduzindo riscos e promovendo uma qualidade de vida melhor”, concluiu Liz.



Enquete
Você acreedita que Bolsonaro armou um golpe de estado?
Total de votos: 82
Google News