20/03/2025 04:57:00

Geral
27/01/2025 12:00:00

Empresas oferecem publicação de artigos para candidatos à residência médica por valores que chegam a R$ 500.

Empresas oferecem publicação de artigos para candidatos à residência médica por valores que chegam a R$ 500.

Assinaturas de artigos científicos estão sendo comercializadas na internet para candidatos a programas de residência médica em universidades renomadas, como a USP (Universidade de São Paulo) e a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Os vendedores garantem avaliação em até duas horas e publicação em até dez dias, com valores a partir de R$ 500.

A denúncia, encaminhada ao Ministério Público de São Paulo (MPSP), sugere que médicos estariam pagando para serem incluídos em pesquisas nas quais não participaram, com o objetivo de aumentar as chances de aprovação nos processos seletivos de residência. Em alguns casos, os artigos são coassinados por médicos de diferentes instituições e estados. A AMB (Associação Médica Brasileira) classificou o esquema como "fraudulento".

Os Programas de Residência Médica (PRMs) visam médicos que desejam se especializar. Os candidatos são avaliados por meio de provas, entrevistas e análise curricular. Embora a autoria de um artigo científico não garanta uma vaga, ela confere uma pontuação maior.

Na lista enviada ao MPSP, médicos de áreas como psiquiatria e cardiologia que disputam vagas na USP e na Unicamp aparecem como coautores de estudos publicados na revista "Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences", voltada para a odontologia.

Apesar do nome em inglês, a revista tem sede em Macapá (AP). A publicação de um artigo custa R$ 395 via Pix ou R$ 435 no cartão de crédito e permite a inclusão de até 12 autores. Um modelo padrão, com orientações detalhadas sobre como escrever cada capítulo, é disponibilizado.

Em um exemplo, um artigo sobre anestesia e doenças musculares foi assinado por 12 médicos de diferentes universidades, de cidades como Aracaju, Florianópolis, Franca e Taubaté. Em dezembro, dois desses autores foram convocados para a segunda fase do processo seletivo da Faculdade de Medicina da USP. Os resultados para os 376 aprovados serão divulgados em 10 de fevereiro.

O editor-chefe da revista, o cirurgião-dentista Eber Coelho Paraguassu, defendeu a publicação em nota, alegando que as acusações são "infundadas" e que a revista segue normas, revisão criteriosa e agilidade no processo editorial, atraindo médicos interessados em publicar artigos para residência.

Outra publicação, a Revista FT, sediada no Leblon, no Rio de Janeiro, também oferece serviços semelhantes. Um artigo sobre qualidade de vida de mães de crianças com TEA (transtorno do espectro autista) foi assinado por 13 autores de áreas como medicina, enfermagem e psicologia, provenientes de cidades como Goiânia, Manaus, Natal e Recife. A revista promete avaliação em até duas horas e publicação em até 10 dias, ou até mesmo no mesmo dia, mediante negociação via WhatsApp, por R$ 500.

Em nota, a FT afirma utilizar o sistema de "revisão por pares", com especialistas avaliando os artigos antes da publicação.

O presidente da AMB, César Eduardo Fernandes, considera o método de obtenção de pontos por meio da compra de coautorias fraudulento e ilegal.

Em outubro, a Folha de S.Paulo revelou que um acadêmico de Goiânia cobrava R$ 100, parcelados em até três vezes, para incluir autores que não participaram de pesquisas científicas. Ele justificava a prática pela longa espera para publicação em revistas de prestígio, que podem levar até um ano para revisar os trabalhos.

Diante das suspeitas, a USP sugeriu a criação de um comitê para avaliar currículos e até mesmo anular pontos de artigos provenientes de revistas específicas.

O MPSP informou que abriu uma investigação preliminar. A Unicamp não se manifestou sobre o caso até o momento da publicação.

Já a Faculdade de Medicina da USP declarou repudiar práticas fraudulentas para obtenção de vantagens acadêmicas, reforçando o compromisso com a produção científica autêntica e fundamentada no esforço e dedicação dos pesquisadores.

Para reformular seus textos de maneira eficiente e com qualidade, experimente o https://hix.ai/pt/paraphrasing-tool/article-rewriter.



Enquete
Você acreedita que Bolsonaro armou um golpe de estado?
Total de votos: 77
Google News