O lipedema é uma condição crônica caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura nas pernas e, em alguns casos, nos braços. Essa gordura é resistente a dietas e exercícios físicos, apresentando uma textura peculiar, semelhante a "casca de laranja" ou "grãos de arroz", com nódulos que lembram celulites. Embora tenha sido descrito pela primeira vez em 1940, o lipedema é frequentemente confundido com obesidade, mas possui causas, sintomas e tratamentos específicos.
Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente o lipedema como uma doença distinta. Em 2022, a condição foi incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), um avanço significativo que facilita o diagnóstico e o planejamento de políticas de saúde. No Brasil, no entanto, a adoção do CID-11 foi adiada para 2027.
O lipedema apresenta cinco estágios de progressão, com sintomas que incluem:
Esses sintomas podem impactar a mobilidade, a saúde física e mental e a qualidade de vida. Muitos pacientes relatam frustração devido à dificuldade em reduzir o acúmulo de gordura, mesmo com alimentação equilibrada e exercícios físicos.
Apesar dos avanços no reconhecimento do lipedema, seu mecanismo ainda é pouco compreendido. Acredita-se que fatores genéticos e hormonais desempenhem um papel importante, com agravamento em momentos de mudanças hormonais, como puberdade e gravidez. Processos inflamatórios, sedentarismo e dietas ricas em açúcar e ultraprocessados também podem piorar a condição.
O lipedema pode sobrecarregar o sistema linfático, resultando em linfedema e desgaste articular. Além disso, as pacientes frequentemente enfrentam problemas psicológicos, como baixa autoestima, depressão e ansiedade, agravados por preconceitos e falta de conhecimento sobre a doença.
O diagnóstico do lipedema é clínico, baseado em histórico médico e exame físico. Exames como ultrassonografia podem ser úteis para avaliar complicações associadas, como varizes.
Embora ainda não haja cura, o tratamento inclui:
A lipoaspiração, porém, é cara e inacessível para muitas pacientes. ONGs e instituições médicas defendem a inclusão do tratamento no SUS, buscando democratizar o acesso.
O lipedema afeta cerca de 10% das mulheres no mundo, mas ainda enfrenta ceticismo por parte de alguns profissionais de saúde. É essencial aumentar a conscientização sobre a doença, combater preconceitos e garantir que as pacientes recebam o tratamento adequado.
Enquanto a ciência avança, pacientes e especialistas reforçam a importância de um diagnóstico precoce e de políticas públicas que assegurem qualidade de vida para quem enfrenta o lipedema.