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20/01/2025 11:00:00

Crianças superdotadas enfrentam desafios de inclusão nas escolas brasileiras

 Crianças superdotadas enfrentam desafios de inclusão nas escolas brasileiras

Apesar de apresentarem habilidades cognitivas acima da média, muitas crianças superdotadas enfrentam dificuldades de adaptação em instituições de ensino no Brasil, que, segundo relatos de pais e especialistas, não estão preparadas para atender às suas necessidades específicas.

Expulsões e dificuldades de adaptação

Casos de expulsões de alunos superdotados não são incomuns. Muitas vezes, essas crianças são vistas como hiperativas, indisciplinadas ou até agressivas, como relatado pela mãe de um menino de 9 anos que já passou por quatro escolas em São Paulo. Ele foi excluído de duas instituições devido a comportamentos considerados problemáticos, como uso de palavrões e agitação, que estavam associados ao tédio e à falta de estímulo adequado.

Outra mãe, Roberta de Castro, conta que seu filho Filippo, hoje com 7 anos e QI de 134, enfrentou dificuldades em sua primeira escola, onde não recebeu atividades que estimulassem suas habilidades excepcionais, como falar inglês fluentemente aos 3 anos e resolver problemas matemáticos complexos aos 5.

Capacitação insuficiente dos professores

Especialistas apontam que o despreparo das escolas começa na formação docente. Jéssica Maranhão, pedagoga especializada em educação especial, ressalta que a superdotação raramente é abordada nos cursos de pedagogia, e prevalece o mito de que crianças superdotadas aprendem sozinhas, sem necessidade de acompanhamento específico.

Falta de acolhimento e políticas educacionais eficazes
Fabiano de Abreu Agrela, neurocientista, destaca que crianças superdotadas têm características emocionais específicas, como sensibilidade e perfeccionismo, que exigem uma abordagem educacional diferenciada. Ele defende a implementação de atividades personalizadas e um ambiente escolar que promova curiosidade e motivação intrínseca.

No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) garante aos alunos superdotados o direito ao Atendimento Educacional Especializado (AEE). No entanto, especialistas apontam que a implementação prática desse direito ainda é limitada em muitas escolas.

Ações em desenvolvimento pelo MEC

O Ministério da Educação (MEC) informou estar desenvolvendo ações para capacitar professores e gestores, além de elaborar materiais voltados para a inclusão de alunos com altas habilidades.

No Estado de São Paulo, a Secretaria de Educação oferece ferramentas como a Avaliação Pedagógica Inicial (API) e o Plano de Atendimento Educacional Especializado (PAEE), que auxiliam na identificação e no desenvolvimento das potencialidades de crianças superdotadas.

O que é necessário para avançar?

Especialistas e famílias defendem maior investimento em capacitação docente, difusão de informações sobre superdotação e políticas públicas que promovam práticas inclusivas e adaptadas às necessidades desses estudantes.

A inclusão efetiva de crianças superdotadas no sistema educacional brasileiro não apenas beneficia essas crianças, mas também enriquece o ambiente escolar e promove uma sociedade mais equitativa e inovadora.



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