A promessa de cidadania russa e altos salários atraiu centenas de cubanos ao conflito entre Rússia e Ucrânia, mas muitos agora denunciam condições desumanas, coerção e risco de vida. Relatos indicam que os recrutados, como Jorge e David, foram atraídos pela perspectiva de um futuro melhor, mas acabaram presos em uma realidade brutal, onde os passaportes são confiscados e a cidadania russa é usada como ferramenta de chantagem.
Recrutamento e dependência de estrangeiros
Desde o início da guerra em 2022, Moscou optou por recrutar estrangeiros de países como Cuba, Nepal, Gana, Síria e Sri Lanka para reforçar suas tropas, evitando uma segunda mobilização geral. A promessa de cidadania expressa tem sido o principal atrativo, mas muitos estrangeiros, uma vez mobilizados, são forçados a permanecer na linha de frente por tempo indeterminado.
No caso dos cubanos, as dificuldades econômicas agravadas por sanções norte-americanas tornam a oferta russa tentadora. Entretanto, denúncias mostram que, uma vez no exército, os recrutas enfrentam condições desumanas, com restrição de direitos e até castigos físicos, como o relato de Carlos Estrada González, punido com privação de comida ao tentar escapar.
Relação Rússia-Cuba e críticas ao regime
A cooperação entre Moscou e Havana gera polêmica. Embora o governo cubano tenha declarado em 2023 que puniria os responsáveis pelo recrutamento, críticos afirmam que a dependência de combustíveis e trigo russos facilita o envio de cubanos ao conflito. Muitos são usados como "moeda de troca" em um sistema que ignora seus direitos básicos.
Impacto devastador
Recrutas como David relatam ferimentos físicos e traumas psicológicos após serem enviados repetidamente ao front, mesmo sem condições de saúde adequadas. Denis Frank Pacheco Rubio é um exemplo trágico desse ciclo, morrendo em combate meses após o término de seu contrato.
Para muitos, fugir é a única saída, mas os riscos são altos, com punições severas para quem tenta escapar. As histórias de sobreviventes pintam um quadro sombrio, onde matar ou morrer é uma escolha imposta pela sobrevivência.
Críticas internacionais e direitos humanos
Organizações de direitos humanos condenam a estratégia russa de atrair estrangeiros vulneráveis para o conflito e responsabilizam tanto Moscou quanto Havana pelas condições enfrentadas pelos recrutas cubanos. A situação destaca o custo humano da guerra e a complexidade das relações políticas e econômicas que perpetuam esse cenário.
Enquanto isso, cubanos continuam enfrentando privações e traumas, muitos sem perspectiva de retorno ou alívio em meio à brutalidade da guerra.