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Leitura de Domingo
19/01/2025 07:00:00

Brasil fora da distribuição do Lenacapavir: a nova fronteira na prevenção ao HIV


Brasil fora da distribuição do Lenacapavir: a nova fronteira na prevenção ao HIV

O lenacapavir, um medicamento injetável semestral para a prevenção ao HIV, foi aclamado como o avanço científico de 2024 pela revista Science. Considerado por alguns especialistas como o mais próximo que já chegamos de uma "vacina" contra o vírus, sua eficácia beira os 100%. Contudo, o Brasil e outros países de renda média ficaram de fora de acordos que garantem versões genéricas e acessíveis do medicamento.

O que é o lenacapavir?
O lenacapavir representa uma evolução na estratégia de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). Enquanto a PrEP convencional requer comprimidos diários, o lenacapavir é administrado via injeção subcutânea a cada seis meses. Ele age inibindo o capsídeo, uma estrutura essencial do HIV, impedindo a replicação do vírus no organismo.

Estudos, como o Purpose-1 e Purpose-2, demonstraram uma eficácia quase total. No primeiro, envolvendo 5.300 mulheres cisgênero na África, nenhuma participante que recebeu o lenacapavir se infectou. O segundo, realizado em países como Brasil, Argentina e México, também mostrou uma redução de 96% no risco de infecção.

Desafios de acesso e exclusão do Brasil
Apesar de seu potencial, o lenacapavir enfrentará barreiras de acessibilidade devido a custos elevados. Estimativas apontam que as duas doses anuais podem custar entre US$ 25.395 e 44.918 por paciente, inviabilizando sua inclusão em programas de saúde pública no Brasil.

Para países de baixa renda, um acordo de licenciamento voluntário permitirá a produção de versões genéricas de baixo custo, mas o Brasil, classificado como país de renda média, ficou fora. Essa exclusão gerou críticas de instituições como a Unaids e especialistas brasileiros.

Impacto para a saúde pública brasileira
Draurio Barreira, do Ministério da Saúde, alertou que o preço atual do lenacapavir poderia "afundar o SUS". Embora o Brasil tenha experiência em quebrar patentes, como no caso do efavirenz em 2007, as negociações sobre o lenacapavir estão em estágio inicial.

Barreira também destacou a contradição de o Brasil ter participado dos ensaios clínicos do medicamento, mas ser excluído das condições de acesso facilitado.

Próximos passos e perspectivas
Especialistas pedem à Gilead Sciences, farmacêutica responsável pelo lenacapavir, que reveja os critérios de exclusão e permita acesso a preços acessíveis. Paralelamente, o Ministério da Saúde avalia alternativas, incluindo o uso de licenciamento compulsório, caso as negociações não avancem.

A chegada do lenacapavir pode ser um marco na luta contra o HIV, mas a equidade no acesso será crucial para determinar seu impacto real na saúde pública global. A discussão destaca a necessidade de equilíbrio entre inovação científica e justiça social.



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