A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 1 bilhão de pessoas estão significativamente acima do peso ideal, classificando a situação como uma "epidemia de obesidade". O problema cresce rapidamente, atingindo também crianças e adolescentes.
Por décadas, o diagnóstico de obesidade foi baseado no Índice de Massa Corporal (IMC), que é calculado dividindo o peso (em quilos) pelo quadrado da altura (em metros). Por exemplo, alguém com 1,75 metro e 70 quilos tem um IMC de 22,86. Índices iguais ou superiores a 30 indicam obesidade. No entanto, especialistas concordam que o IMC não é suficiente para determinar sobrepeso, já que não diferencia gordura de massa muscular nem reflete o estado de saúde individual.
Uma comissão internacional de mais de 50 especialistas elaborou diretrizes alternativas ao IMC, publicadas na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology. A proposta inclui:
Adicionalmente, sinais e sintomas objetivos de saúde precária devem ser considerados. Para casos com IMC acima de 40, presume-se um nível de gordura excessivo.
Crianças com sobrepeso têm maior probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemia e problemas nos órgãos internos, como fígado gorduroso e cálculos biliares. O excesso de peso também sobrecarrega ossos e articulações, levando a artrose e problemas na coluna. Além disso, a obesidade infantil frequentemente se mantém ao longo da vida, aumentando o risco de doenças graves.
As novas diretrizes propõem classificar obesidade em duas formas, para tratamentos mais específicos:
Essa distinção busca resolver a controvérsia sobre a classificação da obesidade como doença, permitindo intervenções terapêuticas mais adequadas e distribuindo recursos de forma mais eficiente.
A proposta recebeu apoio de especialistas que consideram o IMC insuficiente, como Susanna Wiegand, da Clínica Charité em Berlim, que destacou que o índice pode classificar erroneamente indivíduos com grande massa muscular como obesos. Já Martin Wabitsch, da Clínica Universitária de Ulm, acredita que a abordagem beneficiará especialmente crianças e adolescentes, para quem a obesidade frequentemente é subestimada.
Por outro lado, críticos como Thomas Reinehr, da Clínica Infanto-Juvenil de Datteln, apontam problemas nas novas medidas, que podem ser imprecisas ou difíceis de aplicar na prática. Ele alerta que a definição pode reduzir o número de pacientes classificados como obesos, resultando em menos tratamentos cobertos pelos planos de saúde, enquanto a medição do IMC é mais simples e reproduzível.
A discussão continua, dividindo opiniões entre avanços no diagnóstico e possíveis impactos na assistência aos pacientes.