Horas após o anúncio de um cessar-fogo em Gaza, mediado pelo Catar e pelos Estados Unidos e previsto para começar no domingo (19), pelo menos 27 pessoas foram mortas no território palestino. Nesta quinta-feira, o Parlamento de Israel deve votar a aprovação do acordo, após mais de 15 meses de conflito violento contra o Hamas.
Embora haja expectativas positivas, o acordo ainda não está totalmente fechado. Segundo comunicado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o Hamas tenta obter concessões de última hora e rejeita trechos do texto. Netanyahu declarou que o Gabinete de Segurança de Israel só será convocado para votar o projeto quando houver confirmação dos mediadores sobre a aceitação de todos os termos pelo Hamas.
A tramitação do projeto depende de duas votações: uma no Gabinete de Segurança e outra entre os membros da coalizão governamental. Fontes indicam que há maioria favorável em ambas as instâncias. Se o cronograma for mantido, será publicada a lista de prisioneiros palestinos a serem libertados, permitindo que qualquer cidadão israelense questione a lista na Suprema Corte em até 48 horas.
O processo deve levar à libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos já no domingo, 19 de janeiro.
A situação dos reféns israelenses causa grande apreensão, especialmente entre familiares. Não há garantias de quem está vivo ou morto, já que Israel não recebeu uma lista atualizada. Informações preliminares indicam que mulheres vivas seriam libertadas primeiro, sugerindo que aquelas que permanecem detidas podem estar mortas. Na primeira fase, 33 reféns serão soltos.
Do lado palestino, cerca de mil prisioneiros serão libertados. O acordo prevê a liberação de 30 prisioneiros palestinos para cada civil israelense e 50 para cada militar.
Além disso, palestinos deslocados internos em Gaza poderão retornar ao norte do território durante a fase inicial do acordo, que deve durar 42 dias.
Apesar do cessar-fogo iminente, os confrontos continuam. A Defesa Civil de Gaza relatou sete mortes em ataques israelenses nesta manhã, incluindo cinco pessoas em um bombardeio no bairro de Rimal, na Cidade de Gaza, e duas em outro ataque no centro da cidade. Na noite de quarta-feira (15), outros 20 palestinos morreram em três bombardeios após o anúncio do cessar-fogo.
O ataque realizado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 resultou na morte de 1.210 pessoas em Israel, a maioria civis, conforme levantamento da AFP baseado em dados oficiais. Entre as 251 pessoas sequestradas naquele dia, 94 continuam em cativeiro em Gaza, sendo que 34 delas foram confirmadas mortas, de acordo com informações do exército israelense.
Em resposta, a campanha militar de retaliação de Israel na Faixa de Gaza deixou ao menos 46.707 mortos, em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. Esses números foram considerados confiáveis pela ONU, que também aponta a ocorrência de um desastre humanitário no território palestino.
A notícia da trégua, alcançada após mais de um ano de impasse, foi amplamente celebrada por capitais e organizações internacionais, especialmente com a possibilidade de Donald Trump retornar ao poder nos Estados Unidos. Na Faixa de Gaza, milhares de palestinos comemoraram o acordo.
Em Deir el-Balah, centenas de pessoas demonstraram sua alegria em frente ao Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, um local que testemunhou um grande número de mortes desde o início do conflito. Os moradores celebraram dançando e agitando bandeiras palestinas.
Manifestações espontâneas de comemoração também ocorreram em outros locais, conforme relataram jornalistas da AFP e testemunhas locais.