Promulgada há mais de duas décadas, a Lei 10.639 tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas brasileiras, buscando celebrar a diversidade cultural do país. Contudo, sua aplicação enfrenta desafios significativos que exigem avanços estruturais e pedagógicos.
Cenário Atual
Rose Meire Silva, liderança quilombola na Bahia, denuncia a falta de conteúdos que representem a cultura afro-brasileira nas escolas, prejudicando a valorização da identidade de crianças quilombolas. Um estudo de 2023 do Instituto Alana e do Geledés Instituto da Mulher Negra revelou que 70% das secretarias municipais de Educação não realizam ações significativas para implementar a lei.
Avanços Alcançados
Apesar disso, a legislação gerou progressos notáveis. O Ministério da Educação destaca a Política Nacional de Equidade e Educação para as Relações Étnico-Raciais e a reformulação de materiais didáticos como marcos importantes. A valorização da estética e da representatividade negra também tem ganhado espaço nas escolas, segundo a professora Gina Vieira.
Obstáculos na Implementação
Entre os principais entraves estão a resistência de profissionais, a falta de fiscalização e a ausência de disciplinas obrigatórias sobre diversidade racial nos cursos de licenciatura. Pesquisadores como Luiza Mandela enfatizam a necessidade de aprimorar a formação docente e garantir que os currículos escolares sejam inclusivos.
Perspectivas e Futuro
A inclusão de temas afro-brasileiros em exames como o Enem gerou maior atenção ao tema, mas especialistas alertam que a educação antirracista deve ir além de provas, promovendo mudanças na percepção dos estudantes sobre a sociedade.
Conclusão
Embora tenha gerado avanços significativos, a Lei 10.639 ainda necessita de políticas públicas consistentes, maior fiscalização e esforços contínuos para consolidar uma educação inclusiva e antirracista no Brasil.