Na madrugada de 6 de janeiro, Fernanda Torres tornou-se a primeira brasileira a ganhar o Globo de Ouro de Melhor Atriz por sua performance como Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui. A atriz concorria com nomes como Angelina Jolie, Nicole Kidman e Tilda Swinton na categoria de filmes dramáticos.
Em seu discurso de agradecimento, Fernanda celebrou o diretor Walter Salles e dedicou o prêmio à sua mãe, Fernanda Montenegro, que já havia competido na mesma categoria há 25 anos por Central do Brasil. "Quero dedicar esse prêmio à minha mãe. Vocês não têm ideia! Ela estava aqui há 25 anos", disse Fernanda. Ela também destacou a força de Eunice Paiva, sua personagem, que enfrentou o desaparecimento do marido durante a ditadura militar e se tornou uma referência em direito indígena no Brasil.
O Filme e a Força de Eunice Paiva
Dirigido por Walter Salles e inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva, Ainda Estou Aqui mescla drama familiar com a memória histórica. O longa retrata a vida de Eunice após a tragédia que marcou sua família, abordando temas como resiliência e a impermanência da vida. No filme, Eunice cria sozinha cinco filhos enquanto luta para obter reconhecimento oficial da morte do marido.
Uma cena emblemática é quando Eunice insiste que os filhos sorriam para uma foto da revista Manchete, enquanto o repórter pede um semblante triste. Essa força é resumida por Fernanda: "Não adianta sentar na calçada e chorar, porque os deuses não terão pena de você."
A Maternidade e o Paralelo com Eunice
Para Fernanda Torres, a conexão com a personagem é profunda. Assim como Eunice, Fernanda é mãe de dois filhos e teve que equilibrar carreira e maternidade. "Às vezes você sonha que seus filhos te ponham no colo, mas quando tenta, acaba não dando muito certo. O papel da mãe é estar ali para segurar", reflete a atriz.
Fernanda também revelou que sua mãe, Fernanda Montenegro, chegou a ser considerada para interpretar Eunice nos últimos anos da personagem, quando enfrentava o Alzheimer. No entanto, Montenegro recusou por acreditar que seria incoerente trocar de atriz no decorrer da narrativa.
Reconhecimento Internacional e Caminho ao Oscar
Ainda Estou Aqui também concorreu como Melhor Filme de Língua Estrangeira, mas o prêmio foi para Emilia Pérez. O longa brasileiro, porém, segue pré-selecionado para o Oscar e tem gerado grande expectativa. Para Fernanda, o mais importante é que o filme inspire o público a retornar às salas de cinema no Brasil.
"Na pandemia, todo mundo comprou uma TV imensa. Para algo te tirar de casa, precisa despertar curiosidade e urgência", afirma. Segundo ela, Ainda Estou Aqui é um filme "sobre o Brasil e para o Brasil". "Você pode ser de esquerda, direita, centro, não importa, tenho certeza que vai te tocar."
Enquanto continua a promover o filme em festivais internacionais, Fernanda espera que a força de Eunice Paiva ressoe pelo mundo, mostrando a universalidade das histórias brasileiras.