Durante o tratamento contra o câncer, muitas pessoas enfrentam uma complicação crônica e debilitante que ainda recebe pouca atenção: o linfedema. Essa condição provoca inchaços extremos devido ao acúmulo de fluido linfático, causado por danos ao sistema linfático. Apesar de afetar 250 milhões de pessoas no mundo, o linfedema continua sendo uma "doença oculta", frequentemente subdiagnosticada e negligenciada.
O linfedema surge quando o sistema linfático, responsável por regular fluidos e defender o corpo contra infecções, não consegue drenar adequadamente o fluido linfático. Essa falha causa inchaço, dor, perda de mobilidade e problemas imunológicos.
O sistema linfático desempenha um papel essencial na imunidade e no equilíbrio de fluidos. Quando danificado, pode desencadear condições graves como insuficiência cardíaca, doenças inflamatórias e complicações de câncer.
A condição pode afetar qualquer pessoa, independentemente de gênero ou idade, mas é comum em sobreviventes de câncer. Estima-se que 20% das mulheres tratadas para câncer de mama desenvolvam linfedema. Além disso, a condição também pode ser genética ou surgir após infecções, lesões ou obesidade.
Pacientes enfrentam desafios físicos e emocionais, como dor crônica, perda de produtividade e depressão. O tratamento, geralmente paliativo, inclui rotinas diárias de controle, como drenagens e uso de roupas de compressão.
A falta de formação médica sobre o sistema linfático é um dos maiores obstáculos no tratamento do linfedema. Um estudo nos EUA revelou que menos de 25 minutos da graduação em medicina são dedicados ao sistema linfático. Como resultado, muitos pacientes passam anos sem diagnóstico, enquanto a condição se agrava.
A britânica Didi Okoh, atleta paralímpica, relatou como foi ignorada por médicos enquanto sofria de celulite infecciosa, uma complicação comum e grave do linfedema. Infecções como essa podem causar danos irreversíveis e aumentar o risco de sepse.
Nos Estados Unidos, o tratamento inadequado do linfedema gera US$ 270 milhões em gastos hospitalares anuais. No Reino Unido, o custo anual chega a £178 milhões. Estudos mostram que o tratamento precoce pode reduzir complicações em 94% e hospitalizações em 87%, destacando a importância de investir em cuidados preventivos.
Pacientes também enfrentam altos custos pessoais. Sobreviventes de câncer com linfedema gastam, em média, US$ 8 mil por ano em tratamentos.
Embora incurável, o linfedema pode ser gerenciado com suporte adequado. Pacientes como Matt Hazledine e Amy Rivera, que enfrentaram anos de negligência, fundaram organizações para promover conscientização e apoiar outros pacientes.
Hazledine ressalta: “Você não está sozinho. Com um plano de tratamento adequado e apoio especializado, é possível viver bem com linfedema.”
O reconhecimento e investimento no tratamento do linfedema são fundamentais para melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas afetadas em todo o mundo.